Airbus admite que fim do A319neo pode estar próximo
Menor versão da família A320neo tem apenas 57 pedidos em 15 anos no mercado. Desempenho em aeroportos em alta altitude é única razão para mantê-lo em produção

A Airbus encontra-se numa encruzilhada a respeito do A319neo, o menor membro da família A320neo, a mais bem sucedida na história da aviação comercial.
A despeito do bom alcance, de 6.850 km, e capacidade (até 160 passageiros), a aeronave só atraiu 57 pedidos em 15 anos no mercado.
O jato até tinha um cliente importante, a Spirit Airlines, dos EUA, mas que cancelou 31 pedidos em 2023. Por isso é de longe um desempenho de vendas incompatível com seus irmãos maiores A320neo e A321neo.
Diante desse quadro, o engenheiro chefe da Família A320, Marc Guinot, admitiu que o A319neo pode estar a caminho do fim. “Poderíamos pensar em parar o A319 em algum momento, mas para isso precisaríamos primeiro ter um A320neo com um nível de desempenho muito bom para aeroportos de alta altitude”, disse ele à revista Airliner World.
Guinot citou a única razão que faz a aeronave seguir em produção, a sua capacidade de operar em destinos em grande altitude, muito apreciada por algumas companhias aéreas chinesas, que respondem pela maior parte dos (poucos) pedidos.

O A319neo pode operar em aeroportos a até 14.500 pés (4.420 metros) levando uma carga paga elevada, o que o torna único nesta categoria.
A320neo para aeroportos de grande altitude
Como disse o executivo, a alternativa buscada pela Airbus é aprimorar o A320neo para atingir uma performance em grande altitude igual ou até superior ao A319neo. Esse trabalho deve ser concluído até o final da década, o que permitiria à fabricante oferecê-lo aos seus clientes no lugar do irmão menor.
Até lá, no entanto, ele pode ganhar a concorrência de um modelo chinês. A COMAC pretende lançar o “C919 Plateau”, um jato menor e focado em desempenho em aeroportos em alta altitude.

Fato é que a Airbus praticamente não precisa mais do A319neo desde que assumiu a família C Series da Bombardier. Rebatizado como A220, o jato canadense pode levar um número similar de passageiros em distâncias quase tão grandes quanto o A319neo – 6.300 km.
E o A220 faz isso com enorme economia por ser bem mais leve que o A319neo, uma aeronave que não empolga clientes justamente por seu custo de operação por assento elevado.
Seja como for, a Airbus tem ainda 25 aeronaves a serem entregues, sendo nove para a Air China, quatro para a Tibet Airlines, 10 delas para clientes não revelados e dois ACJ executivos.