As pretensões da COMAC, fabricante estatal chinesa de aeronaves comerciais, de obter a certificação de tipo do C919 pela europeia EASA neste ano, foram por água abaixo com uma declaração do executivo chefe da agência, que previu ao menos três anos antes que isso ocorra.
Em entrevista ao L’Usine Nouvelle na segunda-feira, 28, Florian Guillermet afirmou que o processo de certificação deve levar mais tempo, o que colocaria a hipótese mais otimista para 2028.
A COMAC havia dito à imprensa chinesa que esperava obter a aprovação da autoridade aviação civil europeia ainda em 2025.
“Como anunciamos oficialmente, o C919 não poderá ser certificado em 2025,” disse Guillermet, que previu que isso ocorrerá “dentro de três a seis anos.”

A COMAC iniciou o processo de certificação do C919 por volta de 2021, dois anos antes que a aeronave de 168 assentos entrasse em serviço na China.
Siga o AIRWAY nas redes: WhatsApp | Telegram | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
O diretor da EASA, por outro lado, reconheceu o esforço da fabricante em atender aos requerimentos. “A COMAC colocou nesta certificação muitos recursos, vontade e meios técnicos. Não tenho dúvida que a empresa terá sucesso.”
COMAC em busca de clientes no exterior
Projeto mais avançado de aeronave comercial já desenvolvido na China, o C919 tem características similares ao Airbus A320neo, incluindo o uso de um turbofan Leap-1, da CFM.
A aeronave também é equipada com muitos componentes ocidentais, o que em tese a tornaria mais atraente a clientes no exterior.

Embora não existam dados técnicos detalhados disponíveis, observadores acreditam que o C919 é menos eficiente que o A320neo e o 737 MAX, porém, tem um valor mais baixo de aquisição.
Certificação pela FAA não é perseguida
A COMAC entregou apenas 16 jatos C919 para as três maiores companhias aéreas da China, porém, tem planos de acelerar a produção para atender a centenas de pedidos locais.
Contudo, a empresa estatal não esconde que sua ambição é exportar a aeronave, daí a busca pela certificação de tipo da EASA, que abriria inúmeras portas para o C919, sobretudo na Ásia e na África.

Ainda que o aval europeu ocorra em 2028, trata-se de uma janela apropriada para a COMAC já que a produção do C919 deverá atingir até lá uma maturidade elevada, capaz de dar conta de uma possível demanda.
Apesar disso, a empresa não pretende tentar o certificado de tipo da FAA, a agência de aviação civil dos EUA. Os dois países estão em meio a uma guerra comercial que fez com que os jatos da Boeing fossem recusados por empresas aéreas chinesas.