Alemanha resiste à tentativa da França de controlar projeto de novo caça super avançado

Chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que sócios do programa FCAS devem respeitar os acordos previamente firmados

Concepção do FCAS (Airbus)

O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou na quarta-feira, 9, que França e Alemanha devem respeitar os acordos previamente firmados sobre a configuração do FCAS (Future Combat Air System), programa conjunto que visa desenvolver o caça de 6ª geração europeu.

A declaração surge após notícias de que a França deseja controlar 80% do trabalho no projeto, avaliado em mais de 100 bilhões de euros.

“Estou absolutamente determinado a manter os acordos que fizemos com a França e a Espanha sobre o FCAS”, disse Merz em coletiva conjunta com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Segundo Merz, as divergências sobre a composição do consórcio ainda não foram superadas, mas ele se mantém otimista.

A Dassault Aviation (França), a Airbus (Alemanha) e a Indra (Espanha) lideram o projeto, cujo objetivo é substituir os caças Rafale, Eurofighter e Typhoon a partir de 2040.

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Emmanuel Macron e Friedrich Merz (Number 10)

Fontes da indústria confirmaram que a França deseja uma fatia de 80% do trabalho, o que anularia o acordo atual de divisão de tarefas. Caso Paris leve adiante essa exigência, o cronograma do FCAS, já marcado por atrasos, corre o risco de não avançar para a próxima fase até o final deste ano.

Programa europeu dividido

O Future Combat Air System (FCAS) é um programa militar europeu lançado oficialmente em 2017 por França e Alemanha, com a Espanha entrando como parceira em 2019.

Mais do que apenas o desenvolvimento de um caça de 6ª geração para substituir os atuais Rafale, Eurofighter e Typhoon a partir de 2040, o FCAS é um ecossistema completo de combate aéreo que inclui aeronaves tripuladas, enxames de drones (conhecidos como Remote Carriers), sistemas de combate em nuvem e inteligência artificial para gestão em tempo real do campo de batalha.

O futuro caça de 6ª geração do Reino Unido, Itália e Japão deve entrar em serviço em 2035 (BAE)

O objetivo central é garantir a autonomia estratégica da Europa em defesa aérea diante de potências como Estados Unidos, China e Rússia.

O FCAS deveria ter sido um projetado unificado na Europa, mas acabou dividido com a criação do rival direto, o Global Combat Air Programme (GCAP), liderado por Reino Unido, Itália e Japão, que também visa criar um caça de nova geração, além de sistemas avançados de combate aéreo integrados.

Enquanto o FCAS representa a aposta continental europeia, o GCAP reflete uma aliança transcontinental que busca combinar tecnologia ocidental com inovação asiática. Ambos os programas competem por influência industrial, capacidade militar e possíveis mercados de exportação no futuro cenário global da aviação militar.