Ameaça de tarifa de importação de 50% de Trump ao Brasil deve afetar duramente Embraer, dizem analistas

Fabricante brasileira tem nos EUA um grande mercado para jatos executivos e regionais como o Phenom e o E175

Jato executivo Phenom 300
Jato executivo Phenom 300 (Embraer)

A ameaça feita pelo presidente dos EUA Donald Trump ao Brasil nesta quarta-feira, 9, de impôr uma tarifa de importação adicional de 50% a produtos do país deve afetar duramente a Embraer, afirmam analistas.

Trump enviou carta ao governo brasileiro em que exige o fim dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro além de reclamar sobre uma suposta censura do Judiciário.

O presidente dos EUA ainda afirmou que a balança comercial entre os dois países seria desequilibrada em favor do Brasil, mas números do próprio governo norte-americano mostram o contrário.

A tarifa adicional passará a valer a partir de 1º de agosto para “todo e qualquer produto brasileiro enviado aos Estados Unidos”, cita a carta.

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Jatos E175 voam em grandes cias aéreas dos EUA (Republic)

Maior mercado de jatos executivos da Embraer

Com uma ampla frota de aeronaves voando na América do Norte, a Embraer tem no país um dos seus maiores mercados globais, sobretudo os jatos executivos como o Praetor e o Phenom, além de aeronaves regionais.

Cerca de 75% das aeronaves executivas produzidas pela empresa foram vendidas a clientes dos EUA enquanto o jato comercial E175, de 76 assentos, é atualmente o único modelo novo disponível e que atende a cláusula de escopo das companhias aérea do país.

Havia pelo menos 150 E175 pendentes de entrega até março, mas o total de aeronaves encomendadas cresceu em junho quando a regional Skywest fechou um pedido adicional de 60 jatos.

A Embraer tem uma grande infraestruturanos EUA, incluindo uma linha de montagem (Embraer)

A empresa tem divulgado números cada vez mais robustos desde que teve um acordo de joint venture com a Boeing frustrado em 2020.

Em recente entrevista, Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, afirmou que a taxa de 10% instituída inicialmente ao Brasil pouco tinha afetado as finanças da empresa já que a maior parte dos componentes de suas aeronaves é produzida nos EUA.

Há também uma linha de montagem de jatos executivos na Flórida, justamente para atender a clientela local.

A despeito disso, bancos de investimentos já antecipam uma redução de 13% no lucro líquido para 2026. As ações da empresa fecharam em queda de mais de 3,6% na quarta-feira e a desvalorização tende se prolongar na abertura dos mercados.