Após fracasso de rival da Embraer, Japão vai bancar outro avião comercial

Governo do país anunciou iniciativa que incluirá fabricantes privadas e investimento estatal. Aeronave terá propulsão sustentável e deve estrear em 2035

Mitsubishi SpaceJet M90
Mitsubishi SpaceJet M90: projeto foi encerrado em 2023 (Eigenes Werk)

O fracasso do programa SpaceJet, da Mitsubishi, que pretendia ser um rival para os E-Jets da Embraer, foi duro para os japoneses no ano passado. Mas eles não desistiram.

O governo do país asiático lançou nesta quarta-feira, 27, as bases para o projeto de um jato comercial de nova geração.

Bancado pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês, o novo avião de passageiros deverá contar com propulsão sustentável, possivelmente hidrogênio, e entrar em serviço por volta de 2035.

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Mas em vez de ser liderado por uma empresa privada, como ocorreu com o SpaceJet, a futura aeronave será desenvolvida por um pool de fabricantes japoneses e com grande suporte financeiro do governo.

Mitsubishi SpaceJet
O SpaceJet (MRJ) com a pintura da All Nippon Airways (Mitsubishi)

A estimativa é que o projeto receba ao menos 5 trilhões de ienes (cerca de R$ 165 bilhões) do governo do país.

“O Japão precisa mergulhar em territórios lucrativos e que forneçam valor, além de fornecer algumas peças para a indústria aérea”, disse Masuo Kuremura, diretor da divisão da indústria aeroespacial e de defesa do ministério.

Entre as empresas cogitadas para participar do programa estão a Kawasaki Heavy Industries e a própria Mitsubishi.

O governo japonês, não elaborou sobre a categoria da aeronave, mas entende-se que o mais provável é um jato de corredor único, que possui mais demanda no mercado de viagens aéreas.

E195-E2
O E195-E2 Tech Eagle (Embraer)

Processo de certificação

Desde o fim do programa SpaceJet, autoridades governamentais tem lamentado a falta de experiência da Mitsubishi em lidar com os trâmites para certificar uma aeronave comercial.

Nascido como MRJ (Mitsubishi Regional Jet), o jato regional aparentava ser uma aeronave eficiente e capaz de concorrer com os E-Jets da Embraer.

Mas mesmo com o apoio de alguns clientes de lançamento, incluindo a All Nippon Airways, e o investimento de 50 bilhões de ienes do governo, o SpaceJet sucumbiu a atrasos e custos exorbitantes.

A Mitsubishi chegou a levar alguns dos protótipos do M90, a versão de 100 assentos, para os Estados Unidos, a fim de acelerar o processo de certificação, mas sem sucesso.

Para evitar novos imprevistos, o plano é buscar know-how em fabricantes estabelecidos como a Boeing.