Avianca Brasil entra em semana decisiva para sua sobrevivência

Companhia aérea perderá 18 aviões de sua frota e terá sérias dificuldades para manter uma malha de voos mínima. Leilão, que não contará com a Azul, está marcado para o dia 7 de maio

Avianca Brasil terá um enorme desafio para sobreviver nesta semana (Avianca)
Avianca Brasil terá um enorme desafio para sobreviver nesta semana (Avianca)

Após ver sua situação se agravar nos últimos dias, a Avianca Brasil começará a semana com o desafio de se manter viva no mercado brasileiro. A companhia aérea, que está em recuperação judicial desde dezembro, terá de devolver 18 jatos A320 a partir desta segunda-feira (22), praticamente quase toda a sua base de aviões.

Por meio de um acordo intermediado pela ANAC com as empresas de leasing, a Avianca fará a retirada gradual dessas aeronaves após a Páscoa a fim de não prejudicar ainda mais os passageiros. Serão devolvidos seis A320CEO para a empresa ACG, seis A320NEO e um CEO para a GECAS, quatro A320CEO para Vermillion e um A320NEO para a PK Air Finance. Com isso restarão na frota da Avianca alguns A318 e A320, insuficientes para que a companhia mantenha uma malha de voos mínima.

A empresa, que cada vez mais tem cancelado voos, não consegue gerar caixa suficiente mesmo para pagar as taxas aeroportuárias onde opera. Sem perspectivas de receber algum tipo de aporte e com o leilão de seus ativos ainda distante – segundo o Diário Oficial do Estado de São Paulo, ele está marcado para o dia 7 de maio – a operação da Avianca está seriamente ameaçada.

Azul fora do páreo

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Além do cenário de terra arrasada que a aguarda nesta semana, a Avianca viu a desistência da Azul em participar do leilão dos ativos. A companhia aérea foi a primeira a manifestar interesse pelo espólio da rival em março, mas tinha a intenção de pagar pelo “pacote” inteiro de slots, parte da frota e o programa de fidelidade “Amigo”, além de cogitar a contratação de funcionários da empresa.

Mas uma manobra conjunta da Gol e da LATAM que se uniram ao maior credor da Avianca, acabou com planos da Azul ao fatiar os ativos em sete lotes e com isso praticamente impedir que a companhia de David Neeleman pudesse levar tudo que lhe interessava, ou seja, os slots em aeroportos movimentados. A proposta aprovada pelos credores da Avianca tenta aumentar a concorrência pelos ativos e assim elevar o valor pago, porém, a Azul descartou participar do leilão.

Gol e LATAM seguem confirmadas, porém, caso levem os slots em Congonhas, Guarulhos e Santos Dumont correm o risco de perderem esses horários por conta da concentração de mercado – as duas já são as maiores operadoras desses terminais.

Exceto pelo programa Amigo, é fato que o único atrativo da Avianca são os slots que em tese não poderiam ser vendidos afinal são concessões da ANAC. Certamente, pode-se esperar por uma batalha demorada nos tribunais movida pela Azul. A grande pergunta é saber se a Avianca Brasil resistirá até lá.

Aviões A320 devolvidos pela Avianca no MRO da LATAM em São Carlos: mais “visitantes” nesta semana? (Reprodução/Instagram)

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