Boeing pensa em retomar produção do grande cargueiro militar C-17 Globemaster III

Possível reinício da linha de montagem depende de viabilidade econômica e demanda internacional; Japão pode ser o interessado

Cargueiro C-17 Globemaster III da Força Aérea dos EUA
Cargueiro C-17 Globemaster III da Força Aérea dos EUA (wallycacsabre)

A Boeing admitiu que analisa a possibilidade de retomar a produção do cargueiro militar C-17 Globemaster III, cuja linha de montagem foi encerrada em 2015.

A revelação foi feita durante o Paris Air Show, em 17 de junho, por Turbo Sjogren, vice-presidente de Serviços Governamentais Internacionais da Boeing Global Services.

Durante a coletiva, Sjogren explicou que, apesar de não haver um programa sucessor planejado para o C-17, a Boeing está trabalhando com a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e operadores internacionais em programas de extensão da vida útil e modernização da frota existente.

Desenvolvido a partir do protótipo YC-15, o jato quadrimotor entrou em serviço nos anos 1990 e tem capacidade de carga de até 77,5 toneladas, um patamar não alcançado por nenhum outro avião ocidental.

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Linha de montagem do C-17 foi encerrada em 2015 (Boeing)

Japão pode ser cliente em potencial

Questionado sobre a necessidade de aeronaves capazes de transportar tanques de guerra e veículos blindados pesados de cerca de 60 toneladas, algo que modelos como o Airbus A400M, o Embraer C-390 ou o Kawasaki C-2 não conseguem fazer , Sjogren confirmou que houve interesse recente de “um determinado país” em discutir o reinício da linha de produção.

Ele não revelou o nome da nação, mas indicou que o assunto ainda está em estágio inicial e depende de fatores econômicos e geopolíticos. O Japão, no entanto, é apontado como possível interessado.

Segundo a agência Kyodo News, o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba expressou em fevereiro de 2025, durante encontro com o ex-presidente dos EUA Donald Trump, o desejo de adquirir aeronaves de transporte dos EUA.

Hoje, existem 276 C-17 em serviço no mundo, de 279 fabricados. Esses jatos são operados por países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, Índia, Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, além da Unidade Multinacional de Transporte Aéreo da OTAN, com base em Pápa, na Hungria.

O protótipo YC-15 da McDonnell, que deu origem ao cargueiro C-17 (USAF)

No continente europeu, apenas a Royal Air Force (RAF) do Reino Unido opera o C-17 de forma independente, com oito unidades. Outros três aviões estão sob controle da OTAN via o programa Strategic Airlift Capability (SAC), do qual participam 12 países europeus — incluindo Finlândia e Suécia, novos membros da aliança.

Caso o programa seja reativado, a Boeing teria que reestruturar a cadeia de produção encerrada há uma década em Long Beach, Califórnia, um desafio logístico e industrial significativo.

Ainda assim, a empresa já demonstrou capacidade para atender pedidos inesperados no passado, como na produção de dez C-17 sem compradores definidos (“white tails”), todos posteriormente vendidos.