Boeing pode engavetar projeto NMA e focar em sucessor do 737

Mudanças no mercado com o avanço do Airbus A321neo pode fazer a Boeing trocar o projeto NMA pelo FSA, o “Futuro Avião Pequeno”
A Southwest Airlines tem a maior frota de jatos 737 do mundo com mais de 700 aeronave (PlanespotterA320)
A Southwest Airlines tem a maior frota de jatos 737 do mundo com mais de 700 aeronave (PlanespotterA320)

Esperado como um dos próximos grandes projetos da aviação comercial, o NMA (Novo Avião Médio) da Boeing pode acabar engavetado. A ideia de criar uma nova família de jatos médios de corredor duplo e longo alcance vem perdendo força diante das mudanças no mercado e as dificuldades enfrentadas pela fabricante com o aterramento mundial do 737 MAX.

Com a redução do interesse no NMA, uma nova sigla começou a ser ventilada nos corredores da Boeing: FSA, o “Futuro Avião Pequeno”. Segundo rumores e reportagens vinculadas no exterior, a nova proposta é uma família de jatos com capacidade entre 162 e 220 passageiros, opção que nas próximas décadas pode ser um substituto para o 737.

Estudado pela Boeing desde 2015, o NMA, chamado informalmente de “797”, é uma família de aeronaves sugerida para atender rotas de médio e longo alcance, mas com menores demandas de passageiros. É uma espécie de avião entre o 737 e o 787 Dreamliner, em versões de 225 e 275 assentos e alcance na faixa dos 9.000 km.

Acontece que o mercado pretendido pelo NMA já está sendo servido. A sensação nesse segmento hoje é o Airbus A321neo com as versões de longo alance LR e XLR. São aeronaves com até 240 assentos e capazes de voar por mais de 7.000 km, permitindo abrir rotas entre continentes com aviões mais simples e baratos de operar comparado aos grandes jatos com dois corredores.

A série MAX tem um bom desempenho, mas não chega perto do A321. O 737 MAX 7 é o modelo com maior alcance da família, de 7.130 km; as versões MAX 8 e MAX 9 tem alcance de 6.570 km, e o MAX 10, de 6.110 km e projetado para receber até 230 passageiros.

Uma nova família de aviões pequenos em algum momento deve entrar na pauta da Boeing. No mercado desde 1968, o 737 é o avião comercial de maior sucesso da história com mais de 10 mil unidades produzidas e ainda com uma longa carreira a ser escrita. O jato da fabricante americana, no entanto, dá indícios de já ter evoluído até onde era possível em quatro gerações.

Um Boeing 737-200, mais conhecido no Brasil como "Brega" ou "Breguinha" (Divulgação)
Um Boeing 737-200 da VASP, mais conhecido no Brasil como “Brega” ou “Breguinha” (Divulgação)

Com essa mudança no mercado, onde aviões pequenos podem cumprir voos longos, o NMA não parece uma solução interessante para os próximos anos. Algo como o FSA, por outro lado, pode ser essencial para a Boeing no futuro.

Um artigo publicado pelo Aviation Week sugeriu que diante deste cenário o programa MAX poderia ser encerrado por volta de 2026, e não em 2030 ou além.

Projetar um novo avião, porém, exige muitos investimentos. Vivendo sua maior crise com o aterramento de seu principal produto, a fabricante norte-americana espera ter o 737 MAX liberado ainda neste ano. A carteira de pedidos pela família MAX soma mais de 5.000 aeronaves.

Os desafios para criar um “novo 737” são imensos. Ao contrário do NMA, uma aeronave que poderia ter uma faixa moderada de pedidos, o FSA é um avião de massa. Além de projetar e testar um novo avião e sistemas de nova geração também é preciso criar uma cadeia de produção de larga escala. A Boeing tem hoje capacidade para produzir mais de 60 jatos 737 MAX por mês.

Com a Airbus recebendo mais pedidos pelo A321neo, a Boeing pode ter de correr contra o tempo nos próximo anos para manter seu espaço nos maiores mercados da aviação comercial. Analistas apontam que a fabricante de Chicago pode sofrer um grande golpe na próxima década forçada justamente pela redução de pedidos de 737 e o avanço do A320.

Sensação do mercado: o A321 XLR abre uma nova modalidade no mercado internacional (Airbus)

É claro que no longo prazo o 737 um dia será aposentado e a série MAX pode ser mesmo a última geração. Apesar da recente mancha da carreira, no futuro o clássico bimotor da Boeing certamente será lembrado como um dos aviões comerciais mais importantes da história.

Retorno do MAX

A liberação do 737 MAX é aguardada para o final deste ano. O prazo, no entanto, ainda segue incerto e está sujeito a mudanças. A Boeing e agências de aviação do mundo todo estão trabalhando em um novo processo de certificação da aeronave com correções no sistema de voo MCAS, o equipamento que influenciou na queda dos jatos da Lion Air e Ethiopian Airlines.

A American Airlines remarcou os voos seus MAX para março de 2020 (Nathan Coats/Wikimedia)

Além da análise completa do MAX e os testes de voo, ainda é preciso elaborar os novos manuais de treinamento de pilotos e softwares para simuladores de voo com as alterações previstas na aeronave.

Todas essa preparação ainda exige um bom tempo de trabalho com os operadores. Algumas companhias mais otimistas já estão remarcando os voos seus 737 MAX para março do próximo ano, casos da Southwest Airlines e American Airlines, nos EUA, e Copa Airlines, que recentemente anunciou voos para o Brasil com seus 737 MAX 9.

Veja mais: Emirates culpa Air France e Lufthansa por não valorizarem o A380

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