Com Boeing no ‘modo luto’, Airbus sobrou no Paris Air Show com 142 pedidos firmes anunciados
Fabricante dos EUA preferiu a discrição após o acidente com o 787 Dreamliner da Air India. Embraer também teve bons resultados

A esperada batalha por pedidos de aviões comerciais entre a Airbus e a Boeing no Paris Air Show foi frustrada pelo acidente com o 787-8 Dreamliner da Air India, o primeiro fatal da aeronave em 14 anos em serviço.
A cúpula da fabricante dos EUA cancelou presença em Le Bourget e a CEO da divisão comercial, Stephanie Pope, voou para a Índia na segunda-feira, 16, para se encontrar com o presidente da companhia aérea.
Durante os dias de negócios da exibição, nenhum acordo foi anunciado pela Boeing, que divulgou apenas um comunicado sobre uma cooperação industrial com a TAAG, companhia aérea da Angola.
A discrição em respeito às mais de 270 vítimas do acidente deixou o campo aberto para que a Airbus dominasse os anúncios de vendas.

E a empresa europeia não deixou por menos, com 142 pedidos firmes e outros 102 aviões de acordos provisórios – além de 171 opções de compra.
A lista teve como destaques o pedido de 40 jatos (10 A350F e 30 A321neo) pela arrendadora saudita AviLease e também de 40 aeronaves A220 pela LOT Polish Airlines (20 A220-100 e 20 A220-300).
A All Nippon Airways (ANA) assinou a compra de 27 A321neo que havia sido anunciada em fevereiro enquanto a Riyadh Air encomendou 25 widebodies A350-1000.
Ainda houve um pedido final de 10 A350-1000 pela STARLUX, de Taiwan, enquanto a EgyptAir ampliou seu acordo de A350-900 de 10 para 16 aeronaves. Esse pedido, entretanto, já constava da carteira de pedidos desde maio e não foi considerado pela Airbus.

AirAsia resistiu à pressão para assinar um acordo
O número mais chamativo, no entanto, foi o plano de encomendar 100 jatos da família A320neo anunciado pela VietJet, mas ainda trata-se de um acordo provisório e por isso não contabilizado.
É a mesma situação do Memorando de Entendimento assinado pela Airbus com a MNG Airlines, da Turquia, que pretende encomendar dois A350F.
Havia expectativa que a low-cost malaia AirAsia fizesse um pedido massivo de jatos A321XLR e A220, mas o dono da empresa aérea, Tony Fernandes, afirmou à Reuters que não há pressa em fechar negócio, que também inclui conversas com a Embraer.
A fabricante europeia, no entanto, teria feito propostas agressivas para conseguir outro grande pedido pelo A220, de cerca de 100 aviões, mas a AirAsia resistiu à pressão, afirmando que deve chegar a uma decisão dentro de até três meses.

Pedido do maior cliente do E175
Sem a Boeing, sobrou à Embraer o papel de disputar espaço entre as manchetes do Paris Air Show. A empresa brasileira começou com um anúncio de venda de um C-390 para Portugal, mas que incluiu opção de compra de outras dez aeronaves.
Após absorver a derrota na concorrência da LOT, que vai trocar seus E-Jets pelo A220, a Embraer anunciou na quarta-feira um amplo pedido de 60 jatos E175 e 50 opções de compra pela regional dos EUA SkyWest.
Trata-se da maior cliente do modelo de 76 assentos no mundo e um segmento onde ela está sozinha após o fim da produçao dos jatos CRJ e o cancelamento do Mitsubishi SpaceJet.

Assim como fez com a Airbus, a ANA também assinou em Le Bourget a encomenda de até 20 E190-E2.
Houve ainda a seleção do C-390 como novo avião de transporte militar da Lituânia, que deve adquirir três jatos, e talvez uma notícia importante que não teve tanto destaque, o leasing de 10 E195-E2 pela Airlink, da África do Sul.
A empresa aérea, que é a maior do país, possui uma grande frota de jatos Embraer e deve celebrar um acordo com a Azorra em breve. Ou seja, a arrendadora pode expandir seu pedido de E2 para preencher os slots ocupados no futuro.
