Com “Ultrafan 30”, Rolls-Royce quer voltar a equipar jatos comerciais de um corredor

Fabricante do Reino Unido revelou planos de versão menor do turbofan avançado a fim de participar dos projetos que substituirão o Boeing 737 e o Airbus A320

(Rolls-Royce)

A Rolls-Royce está decidida a voltar a disputar o mercado de motores para jatos de fuselagem estreita. Para isso, a empresa britânica revelou planos de uma versão menor do UltraFan, seu projeto de alta eficiência desenvolvido há vários anos.

Segundo a fabricante, além do UltraFan 80, destinado aos grandes widebodies, a série deverá contar com o UltraFan 30, um turbofan com cerca de 90 polegadas de diâmetro.

Trata-se de um motor maior que um Pratt & Whitney GTF e que pode gerar um impulso acima de 30.000 lbs. O segredo está na alta taxa de desvio, de 15:1 contra até 12:1 dos rivais mais avançados atuais.

Novo motor UltraFan 30 deve ser testado no Boeing 747 da empresa (Rolls-Royce)

Para chegar a esse desempenho, a Rolls-Royce aposta em materiais leves, incluindo pás de cerâmica e um sistema de fan com passo variável, entre outras tecnologias.

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Alternativa mais segura que o “open-fan”

O plano da empresa é completar as primeiras unidades de testes até 2028 e então realizar ensaios em voo até o final da década, possivelmente a bordo do seu Boeing 747-200 de testes.

Nas contas da Rolls-Royce, o UltraFan 30 pode se mostrar muito econômico, embora ligeiramente abaixo do desempenho do “open-fan” do projeto RISE, da CFM (GE e Safran).

Motor Tay que equipa do Fokker 100 (Aero Prints)

As duas fabricantes estão trabalhando nesse conceito que une o motor a jato, mas com pás externas capazes de reduzir o consumo em cerca de 20% comparado aos atuais turbofans.

Mas a configuração é um risco comercial, segundo executivos da Rolls-Royce, porque obrigará a mudanças no projeto das aeronaves. A despeito disso, a Airbus tem cogitado usar o open-fan no substituto do A320neo.

Linha de motores e participação no V2500

O lançamento comercial do UltraFan, no entanto, esbarra nos custos do projeto. A Rolls-Royce afirmou buscar uma parceira para dividir responsabilidades e que pode ser ou não outro fabricante.

Por muitas décadas, a empresa teve uma linha importante de motores para aeronaves comerciais, que foram do Spey e Tay, que propulsionaram jatos menores nos anos 60 a 80, passando pelo AE 3007, usado pelos Embraer ERJ, e chegando ao BR700, do qual umas das versões foi escolhida para o Boeing 717 (ex-MD-95).

Em 1983, a Rolls-Royce se juntou à Pratt & Whitney, JAEC e MTU para criar a International Aero Engine (IAE), uma joint venture que deu origem ao turbofan V2500, um dos que propulsiona a família A320 de primeira geração e o KC-390 Millennium.

A Embraer escolheu o turbofan IAE V2500 para o KC-390 (Lucas Barcat)

Mas a fabricante do Reino Unido vendeu sua participação em 2012, encerrando sua presença no mercado de jatos de fuselagem estreita.

A possível volta com o UltraFan deve ser saudada pelo mercado de aviação comercial, às voltas com atrasos na produção de aeronaves, muitas vezes causados pelos atuais motores e pela falta de opções.