Encomenda de jatos E195-E2 pela SAS marca virada crucial para Embraer – entenda por que
Acordo para até 55 aeronaves fechado pela companhia aérea escandinava ocorre após uma amarga ‘traição’ de sua tradicional cliente, a LOT Polish Airlines

O surpreendente acordo de venda de até 55 aviões E195-E2 para a SAS Scandinavian Airlines anunciado nesta terça-feira, 1, tem uma importância muito maior do que pode parecer para a Embraer.
A fabricante brasileira, a despeito de surfar uma onda positiva em suas ações, ainda não havia conseguido convencer uma grande companhia aérea a fechar uma encomenda numerosa da família E2.
Há operadores importantes do jato comercial, como a KLM Cityhopper, a Porter Airlines e a Azul Linhas Aéreas, mas nenhuma delas reúne as características encontradas na companhia aérea escandinava.
A Porter, por exemplo, embora seja hoje o maior operador dos E2, com 44 E195-E2 (de 75 encomendados), era até então uma pequena companhia aérea regional no Canadá, focada apenas em turboélices.

Os E195-E2 abriram vários mercados para ela, muitos deles nos EUA, mas tratava-se mais de uma aposta com certo risco do que um contrato vistoso e que pudesse repercutir em outros potenciais clientes.
KLM e Azul têm grandes frotas da nova aeronave, mas somente arrendadas até aqui, o que não envolve um compromisso tão grande com a Embraer quanto a Porter.

Grandes companhias aéreas ainda não enxergam os E2
Da mesma forma, alguns novos clientes dos jatos E2 ou são pequenos ou então não fizeram encomendas tão grandes. Foi o caso da All Nippon Airways (ANA), comprometida com 15 E190-E2 e cinco opções.
Pelo tamanho da transportadora japonesa, os E2 serão apenas uma ínfima parte da frota.
Cenário diferente é o da Mexicana de Aviación, que acabou de receber o primeiro de 20 E2. A empresa estatal é bancada pelo governo do México e buscava com certa apreensão aeronaves novas à pronta entrega.

Fato é que a lista de encomendas da nova geração de E-Jets traz bons nomes, mas nada que se compare à primeira geração.
Modelos como o E190, E195 e sobretudo o E175 conquistaram pedidos vultosos de grandes transportadoras mundiais como American, United e Delta, nos EUA, Air Canada, Alitalia, British Airways, LOT, JetBlue, Air France, KLM e o Grupo Lufthansa, para citar alguns exemplos.
E2 como um dos principais aviões da SAS
É nesse contexto que a encomenda firme de 45 E195-E2 da SAS, uma empresa aérea tradicional e que está em fase de recuperação, apoiada pela Air France-KLM, torna-se um ponto de virada para a família E2.
Primeiro porque a nova frota não será coadjuvante nos planos da empresa aérea, representando cerca de metade dos aviões que ela opera atualmente.

A meta é que os E2 tornem-se a base de voos na Europa, com sua boa capacidade e custo operacional baixo, deixando para os A320 a tarefa de assumir as rotas de maior demanda ponto a ponto.
Com grandes frotas de E2 em serviço, a Embraer terá mais argumentos para convencer potenciais clientes a apostar em suas aeronaves para assumirem tarefas mais ambiciosas.
É tudo que a empresa sempre buscou nos últimos anos.