Irã deixando de lado o russo Su-35 pelo caça chinês J-10CE?

Força Aérea do país, que teve vários aviões destruídos por ataques israelenses, estaria negociando um acordo com Pequim pelo caça da Chengdu

Um caça J-10 da Força Aérea da China
Um caça J-10 da Força Aérea da China (PLAAF)

A Força Aérea da República Islâmica do Irã (IRIAF) foi alvo de vários ataques aéreos israelenses durante o conflito recente entre os dois países.

Com uma frota de caças cada vez mais obsoleta, o Irã cogitou adquirir jatos Sukhoi Su-35 da Rússia. Notícias de todo o tipo surgiram nos últimos anos, dando conta da iminente entrega de exemplares recusados pelo Egito e até mesmo a chegada do primeiro lote no ano passado.

Entretanto, nenhum jato foi visto até hoje e a própria IRIAF nunca confirmou alguma entrega, a despeito de declarações sobre um acordo assinado nesse sentido.

Agora o Irã teve seu nome associado com uma possível aquisição de caças Chengdu J-10CE da China. Os rumores ganharam força após visitas recentes de autoridades de defesa iranianas a Pequim, incluindo o ministro da Defesa Aziz Nasirzadeh, que teria discutido a compra dos caças de geração 4++ chineses.

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Caça Su-35 que deveria ter sido entregue ao Egito

De avião pouco conhecido, o J-10CE se transformou numa vedete no setor de defesa após a Força Aérea do Paquistão ter derrubado com mísseis ar-ar de longo alcance PL-15 um caça Rafale F3R da Índia.

Reequipamento colocado em dúvida

O Irã mantém há décadas uma frota diversificada, mas envelhecida de aeronaves de combate. Cerca de 60% dos seus caças datam das décadas de 1970 e 1980, incluindo unidades F-4, F-5, F-14, Su-24 e MiG-29. Muitos foram danificados em ataques recentes, outros são mantidos operacionais com grandes dificuldades logísticas.

Apesar da complexidade de absorver um novo caça moderno, especialistas discordam da visão de que o Irã levaria uma década para adaptar sua estrutura. Países como a Índia migraram do MiG-29 para o Su-30MKI em apenas dois anos, e o Irã opera há décadas caças pesados como o F-14 Tomcat sem suporte externo.

Caça J-10CE com carga máxima de armamentos (Chengdu)

Ainda que o número inicial de J-10CE seja limitado, sua introdução poderia gerar impactos estratégicos significativos. Em missões combinadas com a defesa antiaérea iraniana, os caças modernos poderiam ser empregados como apoio para aumentar a eficácia de mísseis terra-ar. Além disso, armados com mísseis de longo alcance, poderiam ameaçar aviões-tanque israelenses, essenciais para missões de longo alcance.

Desde o fim do embargo da ONU em 2020, o Irã tem liberdade para adquirir armamento avançado, mas cinco anos depois, ainda não recebeu nenhum caça de última geração. A hesitação em modernizar sua força aérea pode ter custado caro — e, diante do atual cenário regional, adiar essa decisão por mais tempo parece insustentável.