FAA quer descobrir se aviões comerciais podem usar assentos menores

Agência dos EUA vai testar a capacidade de evacuação de passageiros em cabines de alta densidade
A Azul oferece duas opções de classe econômica, diferenciadas pelo espaço e cor dos assentos (Thiago Vinholes)
A Azul oferece duas opções de classe econômica, diferenciadas pelo espaço e cor dos assentos (Thiago Vinholes)
O A330neo é oferecido com o novo conceito de cabine "AirSpace" da Airbus (Airbus)
Cabe mais? FAA quer descobrir se é seguro aumentar a capacidade de passageiros dos aviões (Airbus)

A agência de aviação civil dos Estados Unidos (FAA) quer descobrir se os passageiros aguentam viajar de avião em assentos menores que os atuais e se isso é seguro. Para avaliar essa possibilidade, o FAA vai realizar a partir de novembro testes e verificar se as aeronaves ainda podem ser evacuadas em segurança com uma variedade de configurações de cabine de alta densidade.

“Até o final deste ano, a FAA planeja concluir os testes de evacuação para determinar quais mudanças regulatórias são necessárias, se houver alguma, para implementar o requisito. Os testes serão realizados usando um simulador de cabine capaz de testar várias configurações”, afirmou o FAA em comunicado à CNN.

De acordo com a agência norte-americana, os ensaios com cabines de alta densidade serão conduzidos com até 720 indivíduos. O objetivo desse estudo é verificar se as companhias aéreas precisam alterar seus protocolos para garantir uma evacuação segura dos passageiros em caso de emergência. Se os testes provarem que uma configuração com assentos menores ainda é segura, as empresas podem pensar em novas formas de “apertar” ainda mais os clientes.

Por lei, uma aeronave que transporta mais de 44 ocupantes deve poder evacuar totalmente em 90 segundos. Isso vale para o Boeing 737 ou mesmo para o gigante Airbus A380, que pode transportar mais de 600 passageiros.

Por outro lado, se o teste do FAA provar que as distâncias menores entre os assentos não permitem evacuações rápidas, as companhias aéreas que operam esses layouts mais densos serão forçadas a ampliar o espaço a bordo para os passageiros.

Companhias aéreas low-cost costumam adotar assentos com pitch de 28 a 29 polegadas (71 e 73 centímetros), enquanto uma poltrona de classe econômica em empresas tradicionais tem em média pitch de 31 a 34 polegadas (78 cm e 86 cm) – pitch é o espaço entre um ponto em um assento e o mesmo ponto no assento à sua frente.

Alguns passageiros têm facilidade para dormir a bordo de aviões. Já que não tem apela para medicamentos perigosos (Foto - Lufthansa)
Um assento de classe econômica “premium” da Lufthansa tem pitch de 38 polegadas (Lufthansa)

Parte desse teste também deve levar em conta a mudança no perfil dos passageiros da região norte dos EUA. A obesidade está aumentando nessas localidades (até 9% de acordo com dados do governo dos EUA) e os assentos das aeronaves precisam ser capazes de acomodar esses viajantes.

“Tamanho do assento, dimensões entre assentos, saídas – não tenho certeza de que os modelos que estão sendo usados, para ser sincero com você, realmente refletem os viajantes aéreos atuais. Certamente não nos Estados Unidos ou na América do Norte”, disse o deputado Paul Mitchell, congressista republicano de Michigan, que apóia o teste do FAA.

Aviões mais apertados do mercado

O pitch de 28 polegadas é o menor espaçamento entre assentos certificado e aplicado atualmente na aviação. Essa configuração é utilizada tanto por empresas low-cost, como a Ryanair, EasyJet e a Frontier Airlines, empresa dos EUA com pior espaço para os passageiros, como também em classes econômicas de companhias tradicionais, como a Iberia e a LATAM Brasil (nos A321).

Outras grandes companhias no clube “sub-30” são a China Southern e Virgin Atlantic, que usam assentos de classe econômica com pitch de 29 polegadas em jatos Airbus A330.

No Brasil, as poltronas nos aviões da Azul, LATAM e Gol têm pitchs que variam de 30 a 34 polegadas e ficam na média mundial. Para muitos passageiros, porém, ainda é pouco espaço.

A ideia de criar assentos menores e assim transportar mais passageiros é um sonho antigo de muitas companhias aéreas, especialmente entre as low-cost. A Ryanair, por exemplo, já fez estudos sobre levar os ocupantes quase de pé nos aviões, apoiados em pequenos bancos. De qualquer forma, projetos desse tipo precisam passar por rigorosos testes e provarem que são seguros, pois desconfortáveis nós já sabemos que eles são…

Veja mais: Microsoft divulga mais detalhes sobre o novo Flight Simulator

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