Jato chinês C919 empaca na produção em 2025. Será embargo dos EUA?

Apenas cinco aeronaves comerciais haviam sido entregues no semestre. Fabricante COMAC quer terminar ano com 50 aviões produzidos

O C919 da China Eastern durante o voo para Hong Kong
O C919 da China Eastern durante o voo para Hong Kong

A despeito dos planos ambiciosos, a fabricante chinesa COMAC não tem conseguido dar vazão a produção do seu novo jato comercial C919 como pretendia. Ao menos até este semestre.

A empresa estatal entregou até aqui apenas cinco aeronaves do modelo, o mais avançado já desenvolvido no país e que concorre na categoria do Boeing 737 e do Airbus A320.

A mais recente entrega ocorreu nesta sexta-feira, 27. para a China Eastern Airlines, sua cliente de lançamento.

A companhia aérea baseada em Xangai tem agora onze C919 dos 20 aviões entregues às três grandes empresa do país – a China Southern Airlines tem cinco jatos e a Air China outros quatro aviões.

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Há ainda um C919 repassado para a ‘COMAC Express’ e usado para demonstrações. A aeronave deveria ter sido recebida pela Suparna Airlines, mas por razões desconhecidas acabou não entregue.

Um dos dois C919 da China Southern Airlines: produção deve crescer nos próximos anos

Componentes dos EUA suspensos por Trump

Em março, a COMAC atualizou sua meta de produção de aeronaves comerciais para 2025, estabelecendo um plano de concluir 75 jatos, 50 deles do C919.

A aceleração é estimulada por uma carteira de pedidos firmes que passa de 300 aeronaves, apenas contando as encomendas das três grandes companhias estatais. A fabricante, no entanto, alega ter mais de mil pedidos de vários outros clientes.

A diferença entre o sonho e a realidade, no entanto, pode ter a ver com a cadeia de suprimentos da COMAC.

Boa parte dos seus fornecedores vem do Ocidente, como no caso do motor Leap-1C, fabricado pela CFM (joint venture entre GE e Safran). Sabe-se que a produção desses turbofans está atrasada já que ele também impulsiona o 737 e o A320neo, que estão com demanda altíssima.

O motor Leap-1, usado no C919 (Xinhua)

Talvez mais preocupante para os chineses é a recente suspensão de exportação de componentes dos EUA estabelecida pelo governo Trump.

Embora detalhes da proibição não sejam públicos, relatos afirmam que a GE está impedida de enviar motores CF34 (C909) e Leap-1C para a China, assim como empresas como Honeywell e Collins (RTX), entre outras.

Segundo o Departamento de Comércio, alguns itens considerados estratégicos estão passando por uma revisão sobre exportação.

Em 2024, a COMAC entregou 13 C919 e dez deles seguiram para seus clientes no segundo semestre, o que sugere que a empresa estatal pode recuperar terreno nos próximos meses. Mas concluir 45 aeronaves em um prazo tão curto parece uma tarefa difícil de ser cumprida hoje.