Junkers Ju 52 com quase 80 anos se acidenta nos Alpes

Um dos mais famosos aviões comerciais da história, aeronave de origem alemã fazia voos turísticos na Suíça; todos o 20 ocupantes morreram
Junkers Ju-52 em formação: a aeronave da esquerda foi perdida no acidente do dia 4 de agosto (Ju-Air)
Junkers Ju-52 em formação: a aeronave da esquerda foi perdida no acidente do dia 4 de agosto (Ju-Air)

Uma oportunidade rara de conhecer os Alpes do alto e a bordo de um dos mais famosos aviões comerciais da história, o trimotor alemão Ju 52, fabricado pela extinta fábrica Junkers antes da Segunda Guerra Mundial. Mas que acabou em tragédia neste sábado. Um dos quatro exemplares utilizados pela empresa JU-Air se acidentou numa encosta a cerca de 2.500 metros de altitude, vitimando seus 20 ocupantes – 17 deles turistas.

Fotos divulgadas pela polícia de Graubünden mostram a aeronave, de prefixo HB-HOT, retorcida e de cabeça para baixo, mas sem sinais de incêndio. As autoridades suíças investigarão a causa do acidente. Enquanto isso, a JU-Air decidiu suspender os voos com os outros três exemplares remanescentes.

De acordo com os primeiros relatos dos investigadores, o avião teria atingido o chão quase na vertical – como o Ju 52 não possui “caixa preta”, os dados de voo não poderão ser usados para ajudar a descobrir o que ocorreu.

Segundo a imprensa europeia, o exemplar acidentado foi construído em 1939, ou seja, estava prestes a completar 80 anos. São raros os aviões tão antigos quanto este a prestar algum tipo de serviço, mesmo que em voos restritos. Pela importância história do Ju-52 seria mais comum vê-lo preservado e realizando voos ocasionais. A Lufthansa, por exemplo, possui um Ju 52 e que está sendo restaurado após apresentar problemas de fadiga em uma das asas.

Investigadores notaram que avião parece ter atingido o solo quase na vertical (Polícia de Graubünden)

“Voe num Ju 52”

Fundada em 1982, a JU-Air foi criada quando a Força Aérea Suíça decidiu aposentar três Ju 52 por questões de custo. Um grupo de militares ligados à força aérea decidiu então assumir as aeronaves e usá-las em voos turísticos. Com uma campanha para salvar os aviões, a empresa conseguiu recursos para adquiri-los. Os voos começaram no ano seguinte e em 1985 o HB-HOT, avião perdido no acidente, foi colocado em condições de voo.

Em seu site, a empresa reforça a segurança dos voos ao afirmar que experientes pilotos militares e civis voam os Ju 52, sua manutenção é realizada por mecânicos certificados e que os passageiros contam com seguro.

Com mais de 4,8 mil exemplares fabricados, o Ju 52 iniciou sua carreira nos primeiros anos da década de 1930 e serviu também como avião de transporte militar para a Luftwaffe (e também para transportar Adolf Hitler). A produção na Alemanha durou até o final da guerra, em 1945, mas o modelo continuou sendo produzido na França e na Espanha até 1952.

Com configuração de asa baixa, o avião nasceu como um monomotor com propulsor em linha, assim como irmão menor e mais velho, o F13. Logo a Junkers optou por equipá-lo com três motores radiais, dois deles nas asas. Sua fuselagem de alumínio ondulado é um dos seus pontos mais marcantes, solução adotada também pelo rival americano, o Ford Trimotor (este um avião de asa alta).

Ju 52 no Brasil

O trimotor teve um papel importante na aviação brasileira até o final da Segunda Guerra. O maior operador do avião foi o Syndicato Condor, futura Cruzeiro do Sul. Empresa de origem alemã, ela teve oito unidades do Ju 52 em sua frota que acabaram sendo substituídos pelo americano DC-3 quando a companhia mudou seu nome e teve seus executivos alemães afastados.

A Vasp foi outra cliente do avião alemão. Seis unidades operaram por uma década a partir de 1936 (um deles se acidentou em Santos Dumont em 1943). Assim como no caso da Cruzeiro, eles foram aposentados por conta da disponibilidade de muitos aviões usados no conflito. A Varig também chegou a voar com o Junkers, mas apenas um exemplar entre 1937 e 1942.

O último operador conhecido do Junkers no Brasil foi a companhia Aeronorte que teve uma aeronave entre 1950 e 1951. Mais tarde a empresa acabou absorvida pelo consórcio Aerovias Brasil que por sua vez acabou nas mãos da Varig. Alguns deles foram equipados com flutuadores para operar em regiões sem infraestrutura aeroportuária, demonstrando a versatilidade do aparelho.

Veja também: Réplica do clássico Junkers F13 decola na Suíça

Um dos Ju 52 da Vasp, batizado de “Cidade do Rio de Janeiro” (Reprodução)

 

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