Juntas, LATAM, Azul e Gol tiveram mais de R$ 3 bilhões em isenções fiscais em 2024

Companhias aéreas aparecem entre as primeiras de lista divulgada pela Receita Federal com os maiores beneficiados por renúncias fiscais no país
LATAM, Azul e Gol: isenções de mais de R$ 3 bilhões em 2024 (Alexandro Dias/João Carlos Medau)
LATAM, Azul e Gol: isenções de mais de R$ 3 bilhões em 2024 (Alexandro Dias/João Carlos Medau)

Afetadas pela pandemia do coronavírus, que reduziu a demanda de passageiros de forma brutal a partir de 2020, as três maiores companhias aéreas do Brasil tem tentado se recuperar nos últimos anos, em alguns casos apelando até para restruturações financeiras.

Mas tanto LATAM como Azul e Gol têm recebido uma ajuda significativa do governo por meio de isenções fiscais. E os valores economizados impressionam: as três já somam mais de R$ 3 bilhões em benefícios entre janeiro e agosto.

A informação foi divulgada pela Receita Federal, que apurou que o governo abriu mão de quase R$ 98 bilhões em impostos e taxas neste ano. O total equivale a cerca de 6% da arrecadação da União nesse período.

A maior beneficiada é a petroquímica Braskem, que deixou de arrecadar R$ 2,28 bilhões, seguida da Syngenta, com R$ 1,8 bilhão. A TAM Linhas Aéreas S/A aparece na 3ª posição com R$ 1,7 bilhão.

John Rodgerson (sentado à esquerda) ao lado Jerome Cardier (LATAM) e acompanhado de Celso Ferrer (Gol) e da presidente da ABEAR, Jurema Monteiro
Os presidentes John Rodgerson (Azul), Jerome Cardier (LATAM) e Celso Ferrer (Gol) – ABEAR

A razão social da antiga companhia aérea de Rolim Amaro é na verdade parte do grupo chileno LATAM.

Em 5º lugar está a Azul Linhas Aéreas, companhia fundada pelo empresário David Neeleman, com R$ 1,05 bilhão em benefícios. A Gol aparece em 53º lugar, com isenções R$ 264 milhões.

Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos

Dos R$ 3 bilhões economizados, R$ 2,7 bilhões (90%) são oriundos de isenções para compra de aeronaves e peças. A LATAM é a mais beneficiada com esse programa, mais de seis vezes o valor obtido pela Gol, por exemplo.

A Azul, por outro lado, é a única das três a obter isenções dentro do PERSE, Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, com mais R$ 303 milhões.

A lista da Receita Federal com as companhias aéreas
A lista da Receita Federal com as companhias aéreas

Criado em 2021, o PERSE previu uma enorme renúncia fiscal em favor de empresas de eventos, cujo impacto da pandemia era considerado maior e, por tabela, afetava a manutenção de empregos no setor.

Não se sabe, no entanto, por que apenas a Azul aparece como beneficiária desse tipo de isenção entre as empresas aéreas. O benefício deverá ser extinto gradualmente até 2027.

Dívidas e concordatas nos EUA

O volumoso benefício fiscal auferido pelas grandes companhias aéreas brasileiras ocorre em meio a queixas sobre custos elevados do setor e taxas de câmbio instáveis.

A Gol está em recuperação judicial nos EUA desde janeiro após acumular enormes dívidas com arrendadores de aviões e outros credores. A Azul teve que negociar duas vezes com vários fornecedores para evitar o mesmo caminho.

Airbus A320 da Azul em Porto Alegre (Azul)
A Azul é a única companhia aérea que se beneficiou do programa PERSE, voltado ao setor de eventos (Azul)

Já a LATAM é a mais saudável delas, mas também apelou ao “Capítulo 11” norte-americano, uma legislação mais eficiente para reorganizar suas finanças sem risco de falência.

No terceiro trimestre, o Grupo LATAM (que inclui subsidiárias de outros países) apontou um lucro líquido entre janeiro e setembro de US$ 705 milhões, ou R$ 4,1 bilhões em valores atuais.

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