LATAM ou Air France-KLM: qual a melhor forma de unir duas companhias aéreas?
Fusão entre Lan Chile e TAM fez desaparecer duas marcas conhecidas, algo raro no setor, que tende a manter vivas a identidade de cada companhia


Uma companhia aérea importante também é chamada de “flag carrier” (companhia de bandeira), ou seja, uma espécie de embaixatriz de um país no exterior. Ela tem o papel de representar sua origem por onde passa. É o caso de empresas como Air France, Alitalia, Japan Airlines ou Air China, para citar um pouco dos inúmeros exemplos.
O setor de transporte aéreo, no entanto, tem sofrido um longo processo de reestruturação e fusões causados pelos altos custos envolvidos. Esse movimento acabou criando situações um tanto inusitadas. Grupos acabaram sendo formados por empresas de países diferentes e colocando em xeque justamente esse conceito “patriota” das companhias de bandeira.
A junção da Air France e da KLM é um caso bastante exemplar. Ambas têm histórias marcantes na aviação e uma identidade inquestionável a ponto de co-existirem após a fusão, unindo apenas o que o cliente praticamente não vê como sistemas de reserva, frota de aviões, manutenção e política de tarifas. British Airways e Iberia seguem o exemplo assim como a Lufthansa e a Swiss.
Outro caso bem ilustrativo é o da união entre United e Continental Airlines. As duas gigantes optaram por uma solução curiosa: enquanto a pintura de suas aeronaves e todo o material de divulgação preservou o esquema da Continental, o nome escolhido foi “United”, simbólico por representar a união entre elas.

Nova marca
E eis que chegamos ao caso LATAM. A nova marca, que estreou seus voos nesta semana, é uma tentativa um tanto ousada do grupo binacional. Em vez optar por uma saída em que as duas companhias aéreas mantivessem suas marcas vivas, a empresa escolheu começar um trabalho do zero – por mais que o termo ‘Latam’ preserve a sonoridade dos nomes ‘Lan’ e ‘Tam’.
A estratégia da LATAM foca na redução mais ampla dos custos, afinal com uma marca unificada cria-se uma empresa muito mais representativa mundialmente e que facilita a padronização de processos e serviços.
O problema, no entanto, reside na ‘morte’ das suas empresas de origem. A Lan Chile, mesmo antes da fase em que foi profissionalizada, tem uma história importante no seu país, que agora foi aposentada.
Quanto à TAM, quem viveu o período em que o Comandante Rolim esteve à sua frente (como esse jornalista, ex-funcionário) sabe que a companhia construiu um estilo inigualável que a transformou na maior empresa aérea brasileira num curto espaço de tempo.
A grande questão é saber se algo da essência dessas duas conhecidas marcas restará na nova ‘LATAM’ a ponto de fazer valer a pena seus respectivos desaparecimentos. Uma coisa, no entanto, é certa: o Brasil e o Chile perderam suas “flag carriers“.
Crônica: Aviação sem noção