Mais quatro aeroportos vão a leilão nesta quinta-feira (16)

Juntos, terminais de Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis movimentaram 24 milhões de passageiros em 2016
Saguão de check-in do aeroporto de Salvador: quatro aeroportos serão licitados pelo governo (GF)
Saguão de check-in do aeroporto de Salvador: quatro aeroportos serão licitados pelo governo (GF)

Enquanto as ‘joias da coroa’ têm seu futuro indefinido (Congonhas e Santos Dumont), a Infraero verá quatro de seus principais aeroportos leiloados para a iniciativa privada na próxima quinta-feira (16). São os terminais de Salvador (8º mais movimento do Brasil no ano passado), Porto Alegre (9º), Fortaleza (12º) e Florianópolis (13º), que deverão render ao menos R$ 3 bilhões para o governo federal, valor mínimo do lance para os quatro aeroportos.

É uma realidade bem diferente dos dois primeiros leilões, que incluíram os maiores aeroportos brasileiros em área e movimento internacional (Guarulhos e Galeão). Na época, as projeções de receita eram extremamente otimistas e os consórcios vencedores tinham ao menos uma empresa envolvida da operação Lava Jato. O resultado foram valores de outorga tão altos que hoje, com a recessão, as concessionárias resolveram suspender ou parcelar os pagamentos – além de pedirem a revisão do contrato.

Nos quatro novos aeroportos, a situação é bem distinta. Menores e sem grandes perspectivas de receita, devem ter menos concorrentes e ofertas mais baixas. Os mais atraentes na visão do governo são Fortaleza e Salvador, isso porque ambos têm um bom tráfego de turismo e são mais próximos da Europa e Estados Unidos. Ou seja, a expectativa é que os vencedores os transformem em hubs internacionais para a região Nordeste. Enquanto o aeroporto Luís Eduardo Magalhães (Salvador) tem lance mínimo de R$ 1,240 bilhão o Pinto Martins (Fortaleza) tem pedida inicial de R$ 1,440 bilhão.

Os outros dois aeroportos, localizados na região Sul, possuem lances bastante baixos. O Salgado Filho (Porto Alegre) tem lance inicial de R$ 123 milhões enquanto o Hercílio Luz (Florianópolis) parte de R$ 211 milhões. O prazo de concessão é de 30 anos com exceção de Porto Alegre (25 anos), ou seja, os vencedores deverão operar esses aeroportos até 2042 e 2047.

Na visão do governo federal, nessa época Florianópolis deverá movimentar 13,9 milhões de passageiros, 276% a mais do que hoje. Porto Alegre, após 25 anos, chegará à 22,84 milhões de passageiros/ano, um crescimento de 17,2%. Maior tráfego deverá ser visto tanto em Fortaleza (29,2 milhões, crescimento de 363%) e Salvador: 36,9 milhões (310%), quase o mesmo que Guarulhos, o maior aeroporto brasileiro.

Leilão envolve pela primeira vez aeroportos de porte médio (Airway)

Segundo o jornal Folha de São Paulo, apenas quatro grupos devem participar da concorrência. São eles o Fraport, da Alemanha, o Vinci, francês, a Inframerica (operadora de Brasília e São Gonçalo do Amarante, em Natal) e Avialliance, também da Alemanha. Ao contrários dos outros dois leilões, as grandes construtoras brasileiras não devem fazer parte de nenhum deles.

Veja a seguir o que cada aeroporto exigirá dos vencedores:

O aeroporto de Salvador é o pior para os passageiros, segundo a ANAC (GF)

Aeroporto Luís Eduardo Magalhães (Salvador)

Investimento mínimo: R$ 2,35 bilhões.

Fase 1B: ampliação do terminal de passageiros e estacionamento (1.630 vagas), ampliação do pátio de aeronaves com 17 pontes de embarque e 10 posições remotas.

Fase 1C: ampliação do terminal de passageiros e estacionamento (2.010 vagas), ampliação do pátio de aeronaves com 19 pontes de embarque e 8 posições remotas, construção de nova pista de pouso e decolagem com 2.160 metros.

Uma das portas de entrada de turistas internacionais no Brasil, o aeroporto de Salvador é atualmente o de pior avaliação do público, segundo pesquisa da ANAC. Não é só: o terminal foi o segundo que mais perdeu passageiros no ano passado, só ficando à frente de Manaus.

À direita, o terrão onde deveria existir a extensão do terminal de passageiros desde a Copa de 2014 (GF)

Aeroporto Pinto Martins (Fortaleza)

Investimento mínimo: R$ 1,401 bilhão

Fase 1B: ampliação do terminal de passageiros e ampliação do pátio de aeronaves com 12 pontes de embarque e 5 posições remotas.

Fase 1C: ampliação do terminal de passageiros, ampliação do pátio de aeronaves com 14 pontes de embarque e 7 posições remotas e ampliação a pista de pouso e decolagem opara 2.755 metros.

Durante a Copa do Mundo de 2014, o aeroporto de Fortaleza simbolizou o descaso com as obras públicas no Brasil. Um novo terminal, contíguo ao atual, deveria ter sido construído a tempo do evento de futebol, mas apenas um enorme canteiro de obras restou de uma licitação mal conduzida pelo governo. É esse o ‘legado’ que o operador privado assumirá no dia 16.

Salgado Filho, em Porto Alegre: terminal antigo (no alto) reativado em 2010 (GF)

Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre)

Investimento mínimo: R$ 1,902 bilhão

Ampliação do terminal de passageiros e estacionamento (4.300 vagas), ampliação do pátio de aeronaves com 14 pontes de embarque e 8 posições remotas e ampliação da pista de pouso e decolagem para 3.200 metros.

O aeroporto Salgado Filho será leiloado sem que as polêmicas que o envolvem sejam resolvidas. Até não muito tempo, a intenção era que Porto Alegre ganhasse outro aeroporto já que o atual terminal está espremido dentro da cidade. Mesmo com a construção do atual terminal, inaugurado em 2001, nove anos depois o velho terminal foi reativado.

Aeroporto de Florianópolis: estado mais precário entre os leiloados (Governo Federal)

Aeroporto Hercílio Luz (Florianópolis)

Investimento mínimo: R$ 960,7 milhões.

Construção de novo terminal de passageiros com novo estacionamento (2.530 vagas), ampliação do pátio de aeronaves com 10 pontes de embarque e 6 posições remotas, ampliação da pista de pouso e decolagem com 2.400 metros e construção de pista de táxi paralela à pista com ligação direta em suas cabeceiras.

O Hercílio Luz é o aeroporto mais precário dos quatro a serem leiloados. É o único entre os maiores terminais brasileiros a não ter um terminal novo e com pontes de embarque. A obra, inclusive, chegou a ser licitada pela Infraero, mas não saiu do papel.

Veja mais: Congonhas supera 20 milhões de passageiros pela primeira vez

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