Passaredo tem certificado de operador aéreo cassado pela ANAC
Principal empresa do Grupo VoePass está sem voar desde 11 de março quando agência de aviação civil proibiu suas operações

A Passaredo Transportes Aéreos deixou de ser uma “companhia aérea” oficialmente nesta terça-feira, 24, após a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) cassar seu Certificado de Operador Aéreo (COA), autorização para que ela pudesse oferecer serviços de transporte aéreo.
A empresa é o principal operador do Grupo VoePass, que também inclui a MAP Transportes Aéreos, focada na Amazônia.
A perda do COA ocorreu após a ANAC identificar falhas graves e persistentes em seus procedimentos operacionais. A Passaredo já estava sem voar desde 11 de março quando a agência a suspendeu em virtude do não cumprimento de requisitos de segurança.
Segundo a autoridade, não cabem mais recursos à decisão. O grupo também deverá pagar uma multa de R$ 570,4 mil.
“No curso da operação assistida, a Anac verificou falhas na execução de itens de inspeção obrigatória de manutenção, que não foram detectadas nem corrigidas pelos controles internos da empresa – um indício de que o sistema de supervisão da companhia havia se degradado, comprometendo sua capacidade de atuar preventivamente”, explicou a agência.

A VoePass teria realizado serviços de manutenção de forma inadequada, que poderiam levar a problemas graves, como a ausência de uma segunda checagem feita por um profissional habilitado sem relação com o trabalho inicial.
A cassação ocorre após a realização de operação assistida que teve início após o acidente aéreo ocorrido em 9 de agosto de 2024, em Vinhedo (SP), e suspensão das operações da empresa em 11 de março de 2025.
A ANAC afirmou ainda que a empresa chegou a corrigir alguns problemas, porém, voltou a repetir o procedimento inadequado com outras aeronaves da frota. “Esse cenário fundamentou a conclusão da perda da capacidade de atuação do SASC da companhia”, explicou a agência.

Acidente fatal precipitou situação já complicada
A situação da VoePass começou a se deteriorar há cerca de um ano quando alguns turboélices ATR começaram a ser retirados de serviço por falta de pagamento do leasing.
No entanto, foi a queda de um ATR 72 em agosto de 2024 que agravou os problemas da companhia aérea. O acidente durante um voo entre Londrina e Guarulhos vitimou os 62 ocupantes da aeronave. O relatório preliminar indicou condições de congelamento de superfícies de voo e potenciais falhas no sistema de degelo – a conclusão das causas ainda será publicada pelo CENIPA.
Após a queda, a VoePass passou a reduzir seus voos e frota até a suspensão. Em 22 de abril, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial no tribunal de Ribeirão Preto (SP), onde fica sua sede.
Segundo o Planespotters, sete ATR ainda continuariam associados à empresa, mas estacionados há meses. Dois ATR 72, de matrículas PR-PDY e PR-PDW, no entanto, foram devolvido ao arrendador Abelo no começo de maio.