Passaredo tem certificado de operador aéreo cassado pela ANAC

Principal empresa do Grupo VoePass está sem voar desde 11 de março quando agência de aviação civil proibiu suas operações

ATR 72-500 da VoePass com pintura retrô (VoePass)

A Passaredo Transportes Aéreos deixou de ser uma “companhia aérea” oficialmente nesta terça-feira, 24, após a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) cassar seu Certificado de Operador Aéreo (COA), autorização para que ela pudesse oferecer serviços de transporte aéreo.

A empresa é o principal operador do Grupo VoePass, que também inclui a MAP Transportes Aéreos, focada na Amazônia.

A perda do COA ocorreu após a ANAC identificar falhas graves e persistentes em seus procedimentos operacionais. A Passaredo já estava sem voar desde 11 de março quando a agência a suspendeu em virtude do não cumprimento de requisitos de segurança.

Segundo a autoridade, não cabem mais recursos à decisão. O grupo também deverá pagar uma multa de R$ 570,4 mil.

Receba notícias quentes sobre aviação em seu WhatsApp! Clique no link e siga o Canal do Airway.

“No curso da operação assistida, a Anac verificou falhas na execução de itens de inspeção obrigatória de manutenção, que não foram detectadas nem corrigidas pelos controles internos da empresa – um indício de que o sistema de supervisão da companhia havia se degradado, comprometendo sua capacidade de atuar preventivamente”, explicou a agência.

O ATR 72-600 que voou na VoePass (VoePass)

A VoePass teria realizado serviços de manutenção de forma inadequada, que poderiam levar a problemas graves, como a ausência de uma segunda checagem feita por um profissional habilitado sem relação com o trabalho inicial.

A cassação ocorre após a realização de operação assistida que teve início após o acidente aéreo ocorrido em 9 de agosto de 2024, em Vinhedo (SP), e suspensão das operações da empresa em 11 de março de 2025.

A ANAC afirmou ainda que a empresa chegou a corrigir alguns problemas, porém, voltou a repetir o procedimento inadequado com outras aeronaves da frota. “Esse cenário fundamentou a conclusão da perda da capacidade de atuação do SASC da companhia”, explicou a agência.

Imagem do local da queda do ATR 72 da VoePass

Acidente fatal precipitou situação já complicada

A situação da VoePass começou a se deteriorar há cerca de um ano quando alguns turboélices ATR começaram a ser retirados de serviço por falta de pagamento do leasing.

No entanto, foi a queda de um ATR 72 em agosto de 2024 que agravou os problemas da companhia aérea. O acidente durante um voo entre Londrina e Guarulhos vitimou os 62 ocupantes da aeronave. O relatório preliminar indicou condições de congelamento de superfícies de voo e potenciais falhas no sistema de degelo – a conclusão das causas ainda será publicada pelo CENIPA.

Após a queda, a VoePass passou a reduzir seus voos e frota até a suspensão. Em 22 de abril, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial no tribunal de Ribeirão Preto (SP), onde fica sua sede.

Segundo o Planespotters, sete ATR ainda continuariam associados à empresa, mas estacionados há meses. Dois ATR 72, de matrículas PR-PDY e PR-PDW, no entanto, foram devolvido ao arrendador Abelo no começo de maio.