Pilotos teriam interrompido combustível antes da queda do Boeing 787, diz jornal

Agência indiana que investiga acidente, no entanto, pede cautela e alerta que relatório preliminar não aponta conclusões

O Boeing 787 Dreamliner da Air India que caiu em 12 de junho
O Boeing 787 Dreamliner da Air India que caiu em 12 de junho (Ken Fielding)

A gravação de voz da cabine do voo AI171 da Air India, que caiu em 12 de junho em Ahmedabad, Índia, sugere que um dos pilotos pode ter interrompido manualmente o fluxo de combustível para os motores segundos após a decolagem.

A informação foi revelada pelo jornal Wall Street Journal, com base em fontes próximas da investigação conduzida por autoridades dos Estados Unidos e da Índia.

De acordo com o relatório preliminar da AAIB (Aircraft Accident Investigation Bureau) da Índia, os dois interruptores de combustível dos motores passaram da posição “run” (ativo) para “cutoff” (desligado) com um segundo de diferença logo após a decolagem. A gravação da cabine registra um dos pilotos questionando o outro sobre a razão dessa ação, recebendo como resposta que ele não havia feito isso.

O jornal afirma que o primeiro oficial, Clive Kunder, que estava pilotando o avião, teria perguntado ao comandante, Sumeet Sabharwal, por que ele havia desligado os motores, mas o relatório não especifica qual dos dois fez cada afirmação.

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Boeing 787 da Air India caiu poucos segundos após decolar (Re)

A sequência de eventos apontada pelos investigadores indica que, quase imediatamente após sair do solo, a aeronave ativou sua turbina de emergência, a ram air turbine, sinalizando uma perda de energia. O Boeing 787 subiu até 650 pés antes de perder sustentação.

Apesar da tentativa automática de religamento dos motores, a aeronave estava muito baixa e lenta para se recuperar. O avião acabou atingindo árvores, uma chaminé e, por fim, colidiu com um edifício de uma universidade médica, matando 241 dos 242 ocupantes e outras 19 pessoas em solo.

AAIB pede cautela e respeito à investigação

A Air India afirmou, em comunicado interno, que não foram encontradas falhas de manutenção ou problemas mecânicos na aeronave e que todas as manutenções exigidas estavam em dia.

O relatório preliminar não fez recomendações de segurança nem para a Boeing, fabricante da aeronave, nem para a GE, que produz os motores.

Após a divulgação do relatório, a FAA dos EUA e a própria Boeing emitiram comunicados internos assegurando a segurança do sistema de travamento dos interruptores de combustível.

Boeing 787-8 da Air India que caiu nesta quinta-feira (Matt Taylor)

A tragédia reacendeu o debate sobre a instalação de câmeras no cockpit das aeronaves comerciais, que poderiam fornecer imagens cruciais para investigações. A ausência desse recurso, segundo especialistas, dificulta a apuração de ações e reações da tripulação em momentos críticos.

Diante das especulações na mídia internacional, a AAIB divulgou um comunicado público pedindo cautela e respeito ao processo de investigação, além de empatia com as famílias das vítimas. A agência destacou que a apuração ainda está em andamento e que é prematuro tirar conclusões definitivas.

Segundo o órgão, o objetivo do relatório preliminar é apenas relatar o que aconteceu, e não explicar por que aconteceu. Ao apelar pela paciência do público e da imprensa, a AAIB reforçou que publicará atualizações quando necessário e que o relatório final apresentará as causas do acidente, além de possíveis recomendações de segurança.