Portugal relança privatização da TAP com venda inicial de 49,9% da companhia aérea

Governo quer garantir sustentabilidade e manter hub de Lisboa; Lufthansa, Air France-KLM e IAG já manifestaram interesse

Airbus da TAP Air Portugal: privatização à vista
Airbus da TAP Air Portugal: privatização à vista (Kevin Hackert)

O governo de Portugal anunciou nesta quinta-feira, 10, o relançamento do processo de privatização da TAP Air Portugal com a venda inicial de 49,9% do capital da companhia aérea, incluindo uma participação de 5% reservada aos trabalhadores.

A medida foi apresentada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, que destacou a necessidade de garantir a sustentabilidade e a rentabilidade da empresa após anos de dificuldades financeiras.

A privatização parcial da TAP já atraiu o interesse de três grandes grupos europeus: Lufthansa, Air France-KLM e IAG, dona da Iberia e da British Airways. As empresas realizaram encontros com o governo português ao longo do último ano e demonstraram disposição para analisar os detalhes do processo assim que o caderno de encargos for divulgado.

Montenegro afirmou que a prioridade é proteger o hub estratégico de Lisboa, essencial para as rotas com o Brasil, países africanos de língua portuguesa e os Estados Unidos. O governo também quer garantir que a TAP continue a impulsionar o turismo, um dos motores da economia portuguesa nos últimos anos.

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A Air France, em conjunto com a KLM, e a Lufthansa são candidatas a assumir parte da TAP
A Air France, em conjunto com a KLM, e a Lufthansa são candidatas a assumir parte da TAP (u278)

Reprivatização

A TAP já havia sido transferida para o setor privado em 2015, quando um consórcio formado por um empresário português e David Neeleman, fundador da JetBlue, Azul e Breeze, adquiriu 61% de suas ações.

No entanto, o governo português decidiu renacionalizar a companhia aérea anos depois. A TAP recebeu então recursos financeiros da União Europeia para superar a crise causada pela pandemia de Covid-19, que levou a um prejuízo recorde de € 1,6 bilhão em 2021.

O governo injetou € 3,2 bilhões na TAP como parte de um esforço de resgate e reestruturação, mas agora busca reduzir os gastos públicos com a companhia aérea. A decisão de avançar com a privatização foi justificada pelo impacto financeiro que a companhia gerou ao Estado.

David Neeleman
Fundador da Azul, David Neeleman havia assumido a TAP em um consórcio em 2015 (Embraer)

A TAP acumulou prejuízos recordes durante a pandemia de COVID-19, chegando a registrar uma perda de 1,6 bilhão de euros em 2021, o que levou à injeção de 3,2 bilhões de euros em fundos públicos para a sua reestruturação.

Atualmente, a TAP transporta mais de 16 milhões de passageiros por ano e opera com uma frota principal de 99 aeronaves, além de 19 aviões da TAP Express para rotas regionais.

A primeira fase da privatização permite ao Estado manter o controlo da empresa, com a possibilidade de futuras vendas adicionais. O governo assegurou que, se as propostas não atenderem aos interesses estratégicos de Portugal, o processo poderá ser suspenso sem penalizações.