Proteção contra drones no Palácio do Planalto prejudicou operação do Aeroporto de Brasília

Instalação de quatro equipamentos anti-drone em Brasília foi um pedido da administração anterior do GSI
Aeroporto de Brasília: sistema anti-drones atrapalhou operações no terminal por quase um ano (Divulgação)

O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília (DF), passou por um período de operações conturbadas entre abril de 2021 e março de 2022. Nesse período, segundo o The Intercept, 173 aeronaves que passaram pelo terminal da capital federal perderam o acesso ao sistema de radionavegação (RNAV) durante os procedimentos de pouso e decolagem.

Segundo a publicação, o problema foi causado por interferências de quatro bloqueadores de sinal de drones instalados pela administração anterior do Gabinete de Segurança Instituicional (GSI), que era comandando pelo General Augusto Heleno. Dois aparelhos foram instalados no Palácio do Planalto, de onde o ex-presidente Jair Bolsonaro despachava; um no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência; e outro no Palácio do Jaburu, a casa do ex-vice-presidente, Hamilton Mourão.

Como relatou o website, o “General Augusto Heleno, que, assim como o então presidente Jair Bolsonaro, se mostrava paranoico com a possibilidade de espionagem ou ataques de adversários políticos em Brasília” e, por isso, “ordenaram que dois bloqueadores fossem colocados no Palácio do Planalto” e outro no Jaburu.

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Os dispositivos anti-drone instalados em Brasília, modelos SCE 0100 da IACIT, foram comprados em março de 2020. Conforme publicado no Diário Oficial da União na época, os sistemas custaram R$ 2,4 milhões. No edital de aquisição dos bloqueadores, o GSI explicou que os equipamentos serviriam para a proteção “pessoal do Presidente da República”.

Quem descobriu a interferência dos bloqueadores nas aeronaves em Brasília foi a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), após uma série de testes nas imediações do aeroporto. Um relatório da Anatel concluído em 17 de maio de 2022, obtido pela publicação, descreveu a situação como “de grave urgência, com possível risco à vida”. Em outro ofício acessado pelo The Intercept, desta vez da Aeronáutica, o caso foi classificado como “ameaça real e permanente à segurança dos voos”.

Após o GSI desativar os sistemas, em 31 de março de 2022, não foram mais relatados casos de interferência nos equipamentos de navegação dos aviões em trânsito por Brasília.

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