Reino Unido retoma dissuasão nuclear aérea com compra de 12 caças F-35A
Aeronaves ficarão baseadas em Norfolk e farão parte de programa conjunto da OTAN. Capacidade havia sido desativada com a aposentadoria da bomba WE.177 em 1998

O governo britânico confirmou a aquisição de 12 caças F-35A Lightning II, versão convencional do jato furtivo da Lockheed Martin, com capacidade para transportar bombas nucleares táticas B61-12 sob comando da OTAN. A decisão marca o retorno do Reino Unido à dissuasão aérea nuclear, desativada há mais de 25 anos.
O anúncio foi feito durante a cúpula da OTAN em Haia e inclui a participação britânica no programa Dual Capable Aircraft (DCA), voltado a países que operam armamentos nucleares táticos dos Estados Unidos.
As aeronaves serão baseadas na RAF Marham, em Norfolk, e atuarão junto aos F-35B já operados pela RAF e pela Royal Navy. Ao contrário da versão B, os F-35A são projetados para missões nucleares e compatíveis com os protocolos da OTAN.
A compra faz parte de um plano de longo prazo de adquirir 138 caças F-35, como reforçado no comunicado oficial do governo britânico. O primeiro-ministro Keir Starmer destacou que “não se pode dar a paz como garantida” e ressaltou o impacto econômico positivo da medida: mais de 20 mil empregos diretos e indiretos e mais de 100 empresas britânicas envolvidas na cadeia produtiva.

Arma nuclear aposentada em 1998
O movimento também marca a retomada de uma capacidade extinta com a aposentadoria da bomba nuclear WE.177 em 1998. Utilizada tanto pela Royal Navy quanto pela Royal Air Force, a WE.177 era montada em aeronaves como o Tornado, o Harrier e helicópteros da Marinha, representando por décadas a face aérea da dissuasão britânica ao lado do sistema submarino Trident.
A decisão de integrar o programa DCA da OTAN reforça uma postura mais ampla e diversificada de defesa, acompanhando as recomendações da última Revisão Estratégica de Defesa do Reino Unido, que alerta para o crescimento das ameaças nucleares por parte de potências como Rússia e China.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, elogiou a medida como “uma contribuição sólida para a segurança coletiva da aliança”.