Relatório preliminar confirma corte de combustível antes de queda do Boeing 787 da Air India

Investigadores apontam confusão na cabine enquanto pilotos negam ter desligado os motores

Boeing 787 da Air India caiu poucos segundos após decolar
Boeing 787 da Air India caiu poucos segundos após decolar (Re)

O relatório preliminar divulgado por investigadores indianos revelou uma possível confusão na cabine de comando momentos antes da queda do Boeing 787 Dreamliner da Air India, em 12 de junho, que deixou 260 mortos, o pior desastre aéreo da última década.

Segundo o Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB), o avião, que decolou de Ahmedabad com destino a Londres no voo AI717, sofreu uma perda abrupta de potência após os interruptores de corte de combustível dos dois motores serem acionados quase simultaneamente, interrompendo o fluxo de combustível logo após a decolagem.

“O relatório levanta dúvidas sobre o posicionamento e design desses interruptores críticos”, afirmaram especialistas, embora não haja indícios de falha mecânica atribuída à Boeing ou à fabricante de motores GE Aerospace.

Boeing 787-8 da Air India que caiu nesta quinta-feira (Matt Taylor)

Gravações de áudio da cabine mostram que um dos pilotos questiona o outro “por que você cortou o combustível?”, enquanto seu colega nega ter feito isso.

O relatório não especifica qual piloto fez cada afirmação, nem quem transmitiu o chamado de emergência “Mayday, Mayday, Mayday” antes do impacto.

O comandante, Sumeet Sabharwal (56), acumulava mais de 15.600 horas de voo e era instrutor da companhia. O co-piloto, Clive Kunder (32), tinha cerca de 3.400 horas de experiência.

Acionamento dos motores

Os interruptores teriam sido acionados com diferença de apenas um segundo, tempo compatível com o acionamento manual, embora especialistas considerem improvável uma ativação acidental.

Apesar de sinais de tentativa de religamento dos motores, o avião perdeu propulsão e desceu rapidamente. O acionamento da turbina RAM, um pequeno motor movido a hélice, indica perda de energia.

Ambos os interruptores foram encontrados posteriormente na posição “ligado”, sugerindo tentativas de recuperação, mas a aeronave caiu em baixa altitude, matando 241 pessoas a bordo e 19 em solo. Apenas um passageiro sobreviveu.

A Air India reconheceu o relatório e afirmou estar colaborando com as autoridades. O NTSB e a FAA dos EUA agradeceram o governo indiano pela cooperação e reforçaram o compromisso com a segurança.

O acidente representa um duro golpe para o plano de recuperação da Air India, agora sob o controle do Grupo Tata, que assumiu a empresa em 2022 com o objetivo de recuperar sua reputação.

A companhia enfrenta crescentes pressões regulatórias como da EASA, a Agência de Segurança Aérea da União Europeia, que anunciou investigação contra a Air India Express por descumprimento de diretrizes técnicas, e a autoridade de aviação da Índia já alertou para graves infrações em inspeções e escalas de pilotos.