A Azul celebrou nesta semana a entrega de mais um jato E195-E2, o quinto do tipo recebido da Embraer em 2024. Com ele, a empresa aérea alega operar 205 aeronaves, 14 delas adicionadas neste ano.
No entanto, uma parcela significativa de seus aviões está parada, alguns deles há meses e em aeroportos que não fazem parte de suas principais instalações.
O local mais inesperado é o Aeroporto Bauru Arealva, no interior de São Paulo, onde a Azul mantém dois voos diários para Viracopoos com turboélices ATR 72, além de partidas semanais para Porto Seguro e Recife.
Dias atrás, nada menos que nove aviões da Azul estavam estacionados em Arealva, como pode ser visto em imagens feitas por um drone e que circulam nas redes sociais (o autor não pode ser identificado até a publicação deste artigo).
Jatos devolvidos pela Breeze, a “irmã” da Azul
Além dos aviões próprios, em Bauru estão três E195 com a pintura da Breeze Airways, “irmã” da Azul. Os jatos foram devolvidos recentemente pela companhia aérea dos EUA, que os substitui pelo Airbus A220.
Há ainda um E195-E2, mas ele ficou apenas dois dias no aeroporto e já voltou ao serviço, segundo registros de ADS-B.
Em Pampulha repousam seis outros aviões, cinco E195 e um ATR 72-600. Havia ainda algumas aeronaves paradas há tempos em Viracopos, mas possivelmente em serviços de manutenção.
Em Bauru, identificamos quatro ATR 72-600 que estavam sem voar desde setembro, o mais recente que chegou ao aeroporto no dia 15.
Quanto aos E195, as aeronaves pousaram entre meio de agosto e 20 de novembro, no caso do avião de matrícula PR-AUA, com as cores da Breeze. Todos, vale notar, são arrendados de empresas diversas.
Os aviões parados em Bauru
Matrícula | Aeronave | Em Bauru desde | Arrendador | Observação |
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PR-AKB | ATR 72-600 | 23-Sep | DAE Capital | |
PR-AQA | ATR 72-600 | 13-Sep | AerCap | |
PR-AQE | ATR 72-600 | 01-Oct | AerCap | |
PR-AQT | ATR 72-600 | 15-Nov | DAE Capital | |
PR-AXD | Embraer E195 | 13-Oct | Falko | |
PR-AXJ | Embraer E195 | 03-Oct | Falko | |
PR-AXI | Embraer E195 | 13-Sep | Aircastle | |
PR-AYL | Embraer E195 | 04-Sep | Lico Leasing | |
PR-AUB | Embraer E195 | 30-Aug | Elevate Capital Leasing | Breeze Airways |
PR-AUC | Embraer E195 | 13-Aug | Elevate Capital Leasing | Breeze Airways |
PR-AUA | Embraer E195 | 20-Nov | Falko | Breeze Airways |
Fonte: FlightRadar24 e Planespotters
Falta de peças?
Se em Pampulha há uma infraestrutura para serviços de manutenção, em Bauru, os aviões estão aparentemente apenas estacionados já que o aeroporto não conta com hangares ou qualquer área para esse fim.
Mas afinal por que a Azul não está voando com tantos aviões? Estariam eles prestes a serem devolvidos aos donos? Há excesso de capacidade na empresa?
AIRWAY pediu esclarecimentos à companhia aérea, mas recebeu como resposta uma explicação um tanto genérica, que sugere se tratar de problemas com peças.
“A Azul destaca que o setor de Aviação encontra-se diante de uma crise mundial em relação à cadeia de suprimentos, à falta de peças e à disponibilidade de motores, levando empresas aéreas de todo o mundo a parar centenas de aeronaves“, diz a empresa aérea.
“De acordo com a Cirium, consultoria especializada em dados e análises para aviação, mais de 600 aviões foram parados esse ano apenas por um fabricante de motor. Esse número cresce quando se leva em consideração os demais fabricantes“, acrescentou a resposta.
A Azul alega ainda que está expandindo sua oferta, 17% maior em outubro se comparada ao mesmo período de 2023, e que ofecerá mais de 3 mil voos extras durante a alta temporada.
Avião parado, dinheiro perdido
De fato, a chegada de 14 aviões à frota neste ano elevou a capacidade de assentos já que se tratam de aeronaves de maior porte em sua maioria.
Entretanto, vale lembrar que a Azul apenas recentemente chegou a acordos com os arrendadores de sua frota após acumular dívidas de curto prazo.
Ou seja, se há algo que traz prejuízos elevados é ter aviões sem voar e nesse aspecto entende-se que a companhia aérea brasileira estaria perdendo dinheiro em Bauru.
Em um oceano de “noticias” sobre as empresas e o cenário da aviação encontrei um lugar que pela primeira vez questionou ao invés de só passar pano. Parabéns aos autores, isso se chama jornalismo, o resto é só publicidade.