“Airbus chinês”, C919 realiza primeiro voo

COMAC planeja vender mais de 2.000 unidades do novo jato de um corredor até 2035
O C919 vai concorrer com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737 (Xinhua)
O C919 vai concorrer com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737 (Xinhua)

O primeiro ato do início de uma nova ordem mundial na aviação pode ter começado nesta sexta-feira (5). A COMAC, fabricante controlada pelo governo chinês, realizou hoje com sucesso o primeiro voo do C919, o maior avião comercial já desenvolvido na China. A aeronave é projetada para disputar o segmento dos jatos narrowbody (corredor estreito) e vai concorrer com os tradicionais Airbus A320 e o Boeing 737, os jatos mais vendidos do mundo.

A aeronave decolou do Aeroporto Internacional de Xangai, onde fica anexada a fábrica da COMAC. O voo inaugural percorreu as redondezas do espaço aéreo da cidade, realizado sem nenhum contratempo, e durou aproximadamente uma hora e 20 minutos. A estreia do novo jato chinês, porém, ainda vai levar mais algum tempo: o plano da fabricante é entregar os primeiros modelos operacionais a partir de 2019.

O operador de lançamento do C919 será a China Eastern Airlines, considerada a companhia aérea mais importante da China. Além desse cliente, a fabricante chinesa já recebeu outras 570 encomendas pelo jato, a maioria de empresas chinesas. As exceções são a companhia City Airways, da Tailândia, e a empresa de leasing de aeronaves GE Capital Aviation Services, dos Estados Unidos.

Segundo a fabricante chinesa, a versão básica do C919 poderá acomodar 158 passageiros divididos em duas classes ou 168 ocupantes em classe única. A COMAC ainda sugere uma configuração de “alta densidade”, com 174 assentos. Já o alcance do modelo padrão é 4.075 km ou 5.500 km na versão de alcance estendido “C919 All ECO”.

C919 versus A320 e 737

O novo jato chinês tem 38,9 metros de comprimento, 35,8 m de envergadura e pode decolar com peso máximo de decolagem na ordem dos 77.000 kg, números praticamente iguais aos do A320. O Boeing 737, por sua vez, supera o C919 em porte e capacidade apenas na versão 800, que mede 39,5 metros de comprimento e pode decolar com até 85.000 kg.

O preço sugerido do C919 pela fabricante chinesa também é convidativo, especialmente quando comparado aos dos concorrentes ocidentais: o jato chinês é avaliado em US$ 68 milhões, enquanto o Boeing 737-800 tem preço inicial de US$ 72 milhões e o Airbus A320 a partir de US$ 97 milhões.

Avião chinês. E daí?

A COMAC selecionou alguns dos fornecedores mais conceituados da indústria aeronáutica mundial para desenvolver componentes críticos do C919. O trem de pouso, por exemplo, é fornecido pela Liebherr Aerospace, empresa alemã que também fornece esse componente para aviões da Airbus. Já os motores turbofan são da CFM Internacional, que equipa uma série de aeronaves da Boeing.

Em termos práticos, o C919 é uma aeronave que se aproxima mais das características do A320, do que às do 737. Um dos recursos de maior destaque do jato chinês são os comandos de voo computadorizados, tecnologia conhecida como “fly-by-wire” – o 737 possui comandos convencionais, por cabos.

O cockpit do C919 é equipado com alguns dos aviônicos mais avançados da indústria (Divulgação)
O cockpit do C919 é equipado com alguns dos aviônicos mais avançados da indústria (Divulgação)

A fabricante planeja vender 2.000 unidades do C919 em 20 anos, a partir do momento de sua estreia. O primeiro passo vai começar no mercado chinês, hoje o segundo maior do mundo, atrás apenas dos EUA. Para alcançar o mercado externo, a aeronave terá de ser certificada por órgãos de aviação estrangeiros, considerados mais rigorosos, como a EASA, na Europa, e a FAA, nos EUA – ou até mesmo a ANAC, no Brasil.

O C919 é o segundo jato comercial desenvolvido na China. O modelo pioneiro é o ARJ21-100 “Xiangfeng”, aeronave projetada para operações regionais, com capacidade para transportar até 90 passageiros. O modelo entrou em operação em dezembro de 2015, com a companhia Chengdu Airlines, até o momento único operador do avião. O avião, no entanto, por hora é certificado para voar somente no espaço aéreo chinês.

A COMAC já recebeu 570 encomendas pelo C919, a maioria de empresas chinesas (Xinhua)
A COMAC já recebeu 570 encomendas pelo C919, a maioria de empresas chinesas (Xinhua)

Veja mais: Aviões “Made in China”

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  1. Há alguns anos atrás a Embraer tentou se instalar na China e através de uma joint venture tentou montar os nossos aviãozinhos como que os chineses precisassem aprender, mas parece que os alunos sempre superam de longe os mestres marcha lentas.

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