Americanos usarão avião russo em combate a incêndios florestais

Empresa do estado da Califórnia fechou negócio com a fabricante Beriev por 10 unidades do avião anfíbio Be-200

Beriev Be-200: solução russa para os incêndios nos EUA (Beriev)
Beriev Be-200: solução russa para os incêndios nos EUA (Beriev)

Os graves incêndios florestais que atingem o estado da Califórnia (EUA) em todos os anos motivaram um negócio até então pouco usual, ainda mais em tempos de intrigas e conchavos entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, a venda de aviões russos.

É justamente isso que fez a empresa Seaplane Global Air Services para tentar ampliar o combate a esses incêndios ao fechar uma encomenda com a fabricante Beriev para a aquisição de quatro unidades (mais seis opções) do Be-200, jato anfíbio especializado em operações anti-incêndio.

O negócio foi anunciado nesta semana num evento na Rússia e envolve o fornecimento de duas aeronaves com motores ucranianos D-436TP e o restante, equipados com o turbofan SAM-146, desenvolvido em conjunto por russos e franceses.

Segundo o presidente da empresa americana, Patrick Massardi, “optamos pelo Be-200 por suas características de velocidade, alcance de vôo e quantidade de água transportada”. O jato possui capacidade de transportar 12 toneladas de água em apenas 20 segundos, além de levar vantagem para captá-la por ser uma aeronave anfíbia – não é preciso pousar numa pista convencional para então ser recarregado como ocorre com a maior parte das aeronaves hoje adaptadas para esse serviço.

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Albatros

O Be-200 é um derivado direto do gigante A-40 Albatros, um avião anfíbio criado pela Beriev nos anos 80 e que seria usado pela União Soviética em operações de guerra anti-submarina. Apenas dois protótipos da aeronave foram fabricados antes que o projeto fosse cancelado.

Com o conhecimento adquirido com o Albatros, a Beriev decidiu desenvolver uma aeronave com configuração semelhante (cauda em T, motores instalados em suportes na parte traseira da fuselagem e asa alta com flutuadores nas pontas), mas com funções civis como transporte de passageiros e combate a incêndios.

A Seaplane, inclusive, já negociava com os russos há bastante tempo mas as dificuldades com as disputas comerciais entre as duas nações atrasou o projeto. Além dos americanos, também uma empresa chilena tornou-se cliente do Be-200, a Asesorias SVR Ltda adquiriu cinco unidades – duas encomendas firmes com três aeronaves opcionais.

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