Árabes e alemães negociam compra da Avibras e Sindicato pede estatização da empresa

Empresa estratégica de Defesa do Brasil passa por um momento conturbado em processo de recuperação judicial

O lançador de foguetes Astros é o principal produto da Avibras (Ministério da Defesa)

Maior fabricante de material bélico pesado do Brasil, a Avibras interessa ao Edge Group, empresa dos Emirados Árabes Unidos que negocia a compra da empresa brasileira, de acordo com a Veja.

De acordo com a publicação, a principal motivação dos árabes na negociação é adquirir o sistema de lançamento múltiplo de foguetes Astros e o Míssil Tático de Cruzeiro, que são alguns dos principais projetos da Avibras desenvolvidos em parceria com as forças armadas brasileiras. A empresa com sede em São José dos Campos (SP) também oferece soluções de software e produz armamentos e viaturas blindadas, como o Guará 4WS.

Outra publicação, o Relatório Reservado apontou na semana passada que a companhia alemã Rheinmetall, famosa no setor de armamentos e munições, também estaria na disputa pela compra da Avibras.

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Embora não comentada por representantes da Avibras, divulgação da possível venda da fabricante na imprensa ligou o alerta do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (24), o sindicato diz que vender a Avibras “representa grave ameaça à soberania nacional e ao conhecimento acumulado ao longo de décadas”.

Uma nota técnica assinada pelo Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos, encomendada pelo Sindicato, aponta para os impactos negativos de uma eventual venda da empresa de defesa brasileira.

Guara 4WS: viatura blindada fabricada pela Avibras é operada pelo Exército Brasileira (Avibras)

“Para o Brasil, as consequências são desastrosas. Trata-se de perder uma das poucas empresas de elevada tecnologia sediadas no país. O que é pior, em um setor estratégico para a soberania nacional, sobretudo em uma situação de escalada dos conflitos com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas não somente isso. A situação é também desastrosa para os trabalhadores da Avibras”, diz trecho da nota.

O Sindicato acrescentou que a empresa compradora da Avibras pode levar para seu país de origem a tecnologia para produção de mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e drones projetados localmente. “O Brasil, se quiser manter seu programa de Defesa, será obrigado a buscar ferramentas e equipamentos no exterior”, cita o comunicado da instituição.

Com o interesse estrangeiro da Avibras, o Sindicato de São José dos Campos defende a estatização da empresa, que é considerada estratégica. “Vamos cobrar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a estatização imediata da empresa. Por uma Avibras estatal, sob controle dos trabalhadores.”

Míssil MICLA BR
O MICLA-BR é um projeto conceitual executado pela Avibras e a FAB para equipar os caças Gripen (FAB)

Avibras em dificuldade, de novo

Fundada em 1961, a Avibras é o fabricante de artigos bélicos mais antigo do Brasil ainda em atividade e figura entre as Empresas Estratégicas de Defesa do país, junto de nomes como Embraer, Atech e Imbel. A companhia, no entanto, passa por um momento conturbado.

Em março de 2022, a Avibras entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça devido a uma dívida que girava em torno de R$ 640 milhões. Na época, a situação levou a demissão de 400 funcionários da unidade da empresa em Jacareí (SP).

Está foi a terceira vez que a Avibras acionou a Justiça com um pedido de recuperação judicial (os outros pedidos foram realizados em 1990 e 2008).