Boeing avança na contratação dos maiores cérebros da Embraer

Reportagem do Infomoney escancarou o assédio da Boeing aos funcionários da fabricante brasileira

A Boeing e a Embraer planejavam ser sócias em aviões comerciais
A Boeing e a Embraer planejavam ser sócias em aviões comerciais

Uma longa reportagem publicada pelo Infomoney nesta semana trouxe à tona novos detalhes sobre o avanço da Boeing na contratação de engenheiros e funcionários de alto gabarito intelectual da Embraer.

De acordo com a publicação, desde o ano passado a fabricante dos Estados Unidos já conseguiu atrair 90 colaboradores da Embraer, incluindo profissionais que detém conhecimento de informações privilegiadas de projetos e segredos industriais da empresa brasileira.

O foco das contratações da Boeing, diz a reportagem, são engenheiros de nível sênior, que têm muitos anos de experiência na Embraer e chefiam importantes áreas de desenvolvimento de aeronaves, sobretudo da divisão de aviação comercial.

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Além de funcionários da Embraer, a Boeing também avançando na contratação de profissionais de mais empresas brasileiras do setor aeroespacial, entre elas a Orbital Engenharia, Akaer, Avibras, AEL Sistemas, entre outras. Ao todo, a publicação aponta que a gigante norte-americana recrutou mais de 100 colaboradores dessas companhias.

A reportagem do Infomoney indica que o ritmo de contratações de empregados da Embraer pela Boeing aumentou após o fim do acordo de joint venture entre as companhias, que daria a empresa americana o controle majoritário da divisão Embraer Aviação Comercial. O negócio foi desfeito de forma unilateral pela companhia de Chicago em dezembro de 2020, após quase três anos de tratativas.

Entidades do setor protestam contra o assédio da Boeing

No final de 2022, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) e a Associação Das Indústrias Aeroespaciais Do Brasil (AIAB) entraram com uma Ação Civil Pública contra a Boeing, acusando a empresa dos EUA de comprometer a soberania nacional ao cooptar sistematicamente engenheiros de empresas estratégicas do Brasil, em especial da área de defesa.

Em comunicado divulgado na época, as entidades afirmaram que a contratação desses profissionais “coloca em risco a sobrevivência dessas empresas e, sobretudo, ameaça a soberania nacional, um dos fundamentos da Constituição Federal”.

Presidente da Abimde, Roberto Gallo, declarou no ano passado que o impacto causado pela Boeing na indústria de defesa brasileira já é expressivo. “Dez das mais importantes empresas estratégicas do setor de defesa já tiveram engenheiros cooptados pela Boeing. Algumas perderam cerca de 70% da equipe de áreas específicas e essenciais para o negócio”.

As associações afirmam que o avanço da Boeing na contratação de profissionais de empresas da Base Industrial de Defesa (BID) do Brasil coloca em risco a autonomia do Estado brasileiro na área de Defesa e Segurança, que tem como objetivo a constante atualização das tecnologias da Forças Armadas Brasileiras.