Contra Gripen e Rafale, fabricante do F-35 propõe parcerias industriais a Portugal
Lockheed Martin quer participação portuguesa no programa caso seu caça stealth seja escolhido

Com a aproximação de caças Saab Gripen e Dassault Rafale de Portugal, a fabricante do caça stealth F-35 decidiu contra-atacar com uma proposta para atrair empresas portuguesas em parcerias industriais para a produção do avião.
Na última terça-feira (3), a Lockheed Martin assinou um memorando de entendimento com a plataforma de negócios AED Cluster Portugal para captar companhias locais interessadas em “integrar futuras atividades industriais” no programa do F-35.
Com 140 associadas em várias áreas da economia portuguesa, a AED Cluster será uma intermediadora entre a Lockheed Martin e membros da plataforma, fundando assim as bases de um grupo de fornecedores locais do F-35.

Todavia, para ter acesso ao programa do F-35, o governo português precisa fazer pedidos do caça para fomentar sua indústria local e, segundo a CNN Portugal, a Lockheed Martin tem interesse na produção de componentes, investigação e desenvolvimento, bem como a manutenção e a formação.
J.R. Macdonald, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócio do F-35, comentou: “A Lockheed Martin está empenhada na construção de parcerias fortes com a indústria nos países que operam ou estão considerando a aquisição do F-35″.
Macdonald completou: “este memorando de entendimento com o AED Cluster Portugal representa um passo importante para aprofundar a forma como as empresas portuguesas podem se beneficiar das oportunidades econômicas de todo o portfólio da Lockheed Martin”.
Portugal parecia pronto para ser mais um membro da OTAN a operar o F-35, com a Força Aérea Portuguesa declarando a necessidade de dispor de 27 aeronaves ao valor de 5,5 bilhões de euros.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa, inclusive, continua a defender a aquisição do Lockheed Martin F-35 Lightning II como vetor de caça do país em substituição aos 28 F-16.

Desconfiança de um aliado
A Lockheed Martin esteve várias vezes no país e demonstrou as capacidades e vantagens da escolha para o país ibérico, porém, a eleição de Donald Trump e a política deste à frente da Casa Branca lançaram um mar de desconfianças aos portugueses.
Assim, o governo de Lisboa, temendo implicações políticas e operacionais com o F-35, no contexto europeu, expôs seu ponto de vista sobre o aliado de longa data e isso atraiu a atenção de potenciais concorrentes do caça de 5ª geração.

Os franceses da Dassault se dispuseram a fornecer o Rafale a Portugal, enquanto a Saab declarou estar pronta para fazer uma oferta do Gripen a Lisboa.
Como operador dos Embraer KC-390 e Super Tucano A-29N, Portugal estaria mais próximo do Gripen operacionalmente e, numa eventual oferta sueca, operaria provavelmente os modelos E e F, já integrados às duas aeronaves brasileiras.
Isso sem contar que a Embraer, parceira da Saab, tem uma sólida base industrial em Portugal, algo que a Lockheed Martin ainda teria de construir no caso do F-35.