Demanda por helicópteros decola no setor de óleo e gás

Embora a Petrobras ainda seja a principal contratante de aeronaves para apoio logístico de atividades offshore, a abertura do regime de exploração do pré-sal e o descomissionamento de plataformas trazem novas oportunidades para os operadores
(Divulgação)
A Petrobras tem plataformas que estão a mais de 200 km da costa brasileira (Divulgação)

A partir da década de 1970, a Petrobras mergulhou em águas brasileiras e deu início à saga exploratória de petróleo offshore no país. Todos os caminhos apontavam para o mar: da primeira produção comercial em Enchova, na Bacia de Campos, em 1977, até a descoberta de Tupi (atual campo de Lula), em 2009, na camada pré-sal da Bacia de Santos, a companhia brasileira provou sua capacidade tecnológica na área submarina para alcançar as riquezas incrustadas sob o piso oceânico.

Para viabilizar esse desafio, no entanto, é necessário voar sobre os mares para transportar pessoas capazes de fazer tudo isso acontecer. Para interligar mar e terra, é preciso mobilizar uma complexa rede logística para aterrissagem em plataformas de produção que estão situadas há mais de 200 km da costa marítima brasileira. Como se vê, não é apenas a profundidade da lâmina da água que impõe obstáculos a serem superados, mas também a distância do continente.

Pioneira no Brasil quando se trata da prestação de serviços de transporte aéreo para a indústria de óleo e gás, a empresa Líder detém uma frota de 36 helicópteros destinados à operação offshore, bases operacionais espalhadas por todo o Brasil (duas no Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Aracaju, Bahia, Sergipe, Ceará e Amazonas – esta última para apoiar atividades em campos produtores em terra) e infraestrutura de hangares. Diante da abertura regulatória do mercado brasileiro de óleo e gás nos últimos anos, a empresa vislumbra o reaquecimento das atividades logísticas.

Reconhecida como a melhor empresa do segmento pelo PEOTRAM, programa de excelência da Petrobras, a Líder angariou oito contratos da petroleira brasileira em 2019 – cinco aeronaves de grande porte S92 e três de médio porte S76C++.

“Para o offshore, operamos o Sikorsky S- 76 C+, Sikorsky S- 76 C++, Sikorsky S-92 e H-135, aeronaves configuradas e equipadas em conformidade com padrões internacionais da indústria de O&G e da legislação brasileira”, afirma Diego Reis de Melo, diretor comercial de O&G da Líder Aviação.

A CHC, por sua vez, anunciou um contrato de sete meses com a Shell para dar suporte às atividades exploratórias em dois campos do pré-sal (Gato do Mato e Alto de Cabo Frio) leiloados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) em 2017. O contrato poderá ser estendido e será atendido pela aeronave Sikorsky S-92 a partir da base da empresa em Jacarepaguá (RJ). “O mercado de afretamento de helicópteros offshore vem sofrendo os efeitos da queda nos investimentos em novas campanhas exploratórias. Agora, existe uma boa expectativa de crescimento da demanda, por conta do desinvestimento da Petrobras e os novos blocos leiloados pela ANP”, conta o diretor Regional da CHC, Carlos Madaleno.

O aeroporto de Jacarepaguá  é uma das principais bases de operações offshore do Brasil (Thiago Vinholes)

Mudança de paradigmas

Há algum tempo, vem ocorrendo uma mudança significativa no mercado de asas rotativas para o segmento de óleo e gás. O Sikorsky S76 reinou como a principal opção dos operadores para aeronave de médio porte. Até então, seus custos operacionais e o suporte do fabricante justificavam isso. Atualmente, o AW139 da Leonardo reúne as melhores características para atender o segmento, devido às normas mais modernas de segurança e possuir o alcance que as novas plataformas necessitam.

“O AW 139 é um projeto mais moderno que o S76”, explica Diego Medeiros, CEO da Aeróleo Taxi Aéreo. Em sua avaliação, o S76 é uma aeronave mais competitiva em missões mais curtas por ter custos operacionais mais baixos. Nas missões mais longas, no entanto, transporta menos passageiros e se torna menos vantajosa em relação ao AW 139. “Há uma tendência mundial das empresas por não utilizarem mais o S76 em suas operações por não oferecer todo o pacote de segurança do AW139.”

O CEO revela que a empresa adquiriu quatro contratos da Petrobras em 2019 e sua frota é composta por 12 helicópteros modelo AW 139. A preferência da Aeróleo pelas aeronaves de médio porte explica-se pelo fato de serem menos impactadas pela restrição dos helidecks, já que, por vezes, o tamanho e peso das aeronaves de grande porte não são suportados por algumas plataformas. No segmento de grande porte, o Sikorsky S92 é a única opção possível desde a série de acidentes que ocorreram com o seu concorrente, o H225 da Airbus.

Drones: novos olhares e oportunidades

A Petrobras já emprega drones para realizar inspeções nas plataformas em alto mar (Divulgação)

Para além dos helicópteros, a Petrobras está empregando outro veículo aéreo em suas operações. A petroleira está utilizando drones para realizar inspeções em faixas de dutos, inspeção de flares de plataformas e monitoramento ambiental. Diversas áreas da companhia já aplicaram a tecnologia: Geodésia, Geologia, SMS, Meio Ambiente e Construção e Montagem. Sua utilização busca dispensar o trabalho humano em situações de risco como alpinismo industrial, permitir a captação de imagens de maior qualidade e em locais de difícil acesso – como inspeção visual em espaços confinados como no interior de tanques de carga em FPSOs (navios-plataforma).

Veja mais: Azul vai voar de Viracopos para Nova York

Total
0
Shares
Previous Post

Azul vai voar de Viracopos para Nova York

Next Post

Mesmo aterrado, Boeing 737 MAX foi rastreado voando para Israel. Isso é permitido?

Related Posts
Total
0
Share