Falso: aeronave elétrica da Embraer não é um “carro voador”

Empresa brasileira desenvolve uma aeronave elétrica de pequeno porte dentro do novo segmento chamado de “mobilidade aérea urbana”, mas modelo em nada se parece com um suposto automóvel aéreo
O voo inaugural do eVTOL da Eve está programado para 2024 (Eve)

O anúncio da Embraer nesta semana, revelando o local da sua primeira fábrica de eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical) se espalhou na imprensa e criou uma falácia. Seria a aeronave um “carro voador”, segundo a grande maioria da mídia.

Nada mais falso. A referência genérica mais próxima disso seria chamar o eVTOL de “táxi voador” já que em um primeiro momento sua principal utilidade será transportar passageiros ocasionais em trajetos de até 150 km de distância.

Daí a considerá-lo como um “automóveis com asas” é um exagero ou até má fé em tempos em que as manchetes têm se tornado maiores do que as próprias notícias.

AUTOO e Airway, veículos irmãos especializados em automóveis e aviação, têm portanto o dever de esclarecer esse erro de conceito.

A aeronave elétrica da Eve, subsidiária da Embraer, e de diversas outras fabricantes fazem parte da nova categoria de aviação chamada de Mobilidade Aérea Urbana.

Trata-se de uma proposta de transporte aéreo ainda sendo desenhada e que visa oferecer viagens pelo ar em aeronaves de propulsão elétrica com tecnologia autônoma, embora no início prevejam pilotos a bordo.

O conceito não é muito diferente de um drone, com motores elétricos movimentando diversas hélices e, em alguns casos, hélices propulsoras e asas.

Mais simples e eficientes, os eVTOLs têm grande potencial de serem uma alternativa para deslocamentos de curta distância para os padrões aéreos. 

Uma viagem entre dois aeroportos na mesma região, uma visita a uma fábrica ou uma casa de campo, ou ainda um deslocamento de um lado a outro da cidade são cenários onde eles deverão ser usados nos primeiros anos.

Cabine de passageiros do Midnight (Archer)

Ecossistema em desenvolvimento

Ou seja, vão substituir sobretudo helicópteros, que são caros de manter e voar, e também alguns serviços terrestres, mas não se vislumbra que os eVTOLs tomarão os céus criando “avenidas aéreas”.

A razão para isso é que uma aeronave elétrica ocupa uma grande área e transporta poucas pessoas – de quatro a seis ocupantes.

Ou seja, será um transporte individual e que por isso traz as mesmas consequências para o ambiente urbano se usadas em grande escala. Para isso o transporte coletivo, sobretudo os trens, seguem imbatíveis pelo custo-benefício mais atrativo.

A despeito de previsões otimistas e que foram usadas por sites mais apelativos, os eVTOLs não estão tão perto assim de começarem a ser vistos em qualquer cidade.

Há no momento alguns protótipos em testes e muitos ainda no chão, como o projeto da Embraer, que deve voar apenas em 2024.

A Eve com ajuda de parceiros também trabalha em projetos de infraestrutura para os eVTOLs (Embraer)

Mais complicado que isso é criar o ecossistema para que funcionem com segurança. Não basta ter uma aeronave elétrica voando, mas um sistema de navegação e controle que torne essa atividade viável comercialmente.

Além disso, será preciso criar regras, infraestrutura, sistemas e corredores no ar para que a mobilidade aérea urbana possa de fato funcionar. E isso ainda está sendo discutido e testado, o que faz pensar que o cenário pintado no momento é um tanto exagerado.

Quando os veículos aéreos da Embraer e de suas concorrentes começarem a voar será realmente um marco no transporte, mas daí a chamá-los de “carros voadores” não basta de um enorme mal-entendido. 

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