Relâmpago causou acidente com avião na Rússia, afirma piloto

Aeronave pegou fogo após realizar um pouso de emergência em Moscou; 41 passageiros morreram

(TASS)
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Especialistas apontam que a aeronave havia decolado em condições climáticas desfavoráveis (TASS)

A Rosaviatsia, autoridade de transporte aéreo da Rússia, informou que o jato Sukhoi Superjet 100 da companhia Aeroflot envolvido no acidente no aeroporto de Shermetievo, em Moscou, ocorrido no domingo (5) foi atingido por um relâmpago enquanto voava a 6.900 pés (2.100 metros) de altitude. De acordo com o comandante da aeronave, Denis Evdokimov, a descarga elétrica danificou o sistema de comunicação e outros equipamentos do avião, que entrou em situação de emergência.

“Por causa do raio, perdemos o contato de rádio e passamos para o regime de pilotagem mínima. Ou seja, sem um computador como de costume, mas de maneira direta. Em regime de emergência”, explicou Evdokimov ao jornal russo Komsomolskaya Pravda. O avião seguia para Murmansk, no norte da Rússia.

“Conseguimos restabelecer o contato via frequência de emergência, mas ela estava curta e operava de forma intermitente. Conseguimos dizer algumas palavras e depois o contato se perdeu”, acrescentou o piloto da Aeroflot.

Após a falha nos equipamentos, o avião iniciou o retorno imediato ao aeroporto de Shermetievo, de onde havia decolado momentos antes. A aeronave fez uma primeira tentativa fracassada de pouso de emergência e depois, no segundo, tocou o solo com muita força, o que deu início a um incêndio. Dos 78 ocupantes que estavam bordo do jato, 41 morreram.

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Caixas-pretas recuperadas

Uma análise preliminar da Rosaviatsia revelou que o gravador de dados de voo recuperado da aeronave acidentada foi “seriamente danificado” no incêndio após o pouso de emergência. Já o gravador de voz do cockit está em “condições satisfatórias”, divulgou a agência de aviação russa. Um relatório inicial sobre as causas do acidente será divulgado pela autoridade local em 30 dias.

O órgão russo acrescentou que os destroços e peças da aeronaves foram recolhidos para futuras analises. A Rosaviatsia ainda informou que que os registros das caixas-pretas serão comparados aos testemunhos dos sobreviventes, bem como as testemunhas oculares do acidente, para estabelecer uma “imagem completa e objetiva” da tragédia.

Possíveis erros sob investigação

Citando uma fonte próxima à investigação com o Sukhoi da Aeroflot, o jornal russo Kommersant apontou uma série de erros dos pilotos no procedimento que acarretou no violento pouso de emergência e a morte de 41 pessoas.

“O primeiro erro dos pilotos decolar em meio a uma tempestade. Depois, enquanto a situação era complicada, mas longe de ser catastrófica, eles pousaram em vez de queimar o querosene”, apontou o jornal.

Os pilotos “pousaram a uma velocidade muito alta. Por esta razão, o contato das rodas com o concreto foi muito forte, fazendo o avião saltar”, acrescenta a publicação.

Outro jornal da Rússia, o RBK, ainda informou que os pilotos não desligaram os motores após o pouso. A publicação ainda afirma que os pilotos abriram uma janela no cockpit após a aterrissagem, o que teria acelerado o incêndio.

Avião desprezado no mercado internacional

A companhia Aeroflot, da Rússia, é o maior operador do Superjet 100, com cerca de 60 unidades em serviço (UAC)
A companhia Aeroflot, da Rússia, é o maior operador do Superjet 100, com cerca de 60 unidades (UAC)

Desenvolvido originalmente pela Sukhoi e hoje sob domínio da Irkut, o Superjet 100 foi o primeiro avião comercial projetado na Rússia após a queda da União Soviética. A aeronave com capacidade para até 100 passageiros compete principalmente no setor de aviação regional, onde reinam os aviões da Embraer e Bombardier. Contudo, em quase 10 anos no mercado, o jato russo é um fracasso comercial.

Desde que foi introduzido em 2009, o Superjet soma 147 unidades entregues. A maioria desses aviões, porém, foi adquirido por empresas aéreas da Rússia ou de países alinhados com Moscou. Um raro caso do jato da Sukhoi operado no Ocidente é o da companhia Interjet, do México, que tem 22 modelos em serviço.

O acidente em Moscou foi o segundo registrado com um Superjet 100. Em 2012, um modelo caiu na Indonésia enquanto realizava um voo de demonstração com clientes e jornalistas. Todos os 45 ocupantes a bordo morreram.

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