Dois Airbus A380 começam a ser desmontados na França

Aeronaves ainda em boas condições terão cerca de 92% de seus componentes reaproveitados
(Jean Luc Bonnard)
(Jean Luc Bonnard)
Começou o desmonte: cerca de 92% dos componentes dos A380 será reaproveitado (Jean Luc Bonnard)
Começou o desmanche: cerca de 92% dos componentes dos A380 será reaproveitado (Jean Luc Bonnard)

O desmantelamento de dois Airbus A380 que voaram com a companhia Singapore Airlines começou recentemente no aeroporto de Tarbes Lourdes, na França. A tarefa de desmontar o maior avião comercial da história é realizada pela Tarmac Aerospace, empresa do grupo Airbus especializada em armazenar e desfazer aviões desativados.

Os jatos fora de serviço desde 2018 são as duas primeiras unidades do A380 que entraram em operação comercial, a partir de outubro de 2007. As aeronaves que voavam com a Singapore Airlines eram alugadas pelo grupo financeiro Dr. Peters, da Alemanha.

Sem conseguir novos operadores para os enormes e custosos quadrirreatores, a empresa alemã decidiu que seria mais rentável desmontá-los do que mantê-los parados à espera de clientes. Cerca de 92% dos componentes das aeronaves serão reaproveitados, informou a empresa no ano passado, quando confirmou a decisão de desmantelar os aviões. Entre eles está o modelo “MSN003”, o primeiro A380 de série produzido pela Airbus.

Além dos jatos que já estão sendo desmontados na França, no ano passado a Singapore Airlines também entregou outros dois A380 ao grupo alemão. Esses aviões, por outro lado, tiveram destinos melhores: um foi alugado pela Hi-Fly, empresa de wet-lease de Portugal, e o segundo, também pretendido pela empresa portuguesa, permanece estocado.

O grupo Dr. Peters ainda possui outros cinco exemplares do A380 que seguem em operação alugados pelas companhias Air France e Emirates Airline.

Em fevereiro deste ano, a Airbus confirmou que o A380 será produzido somente até 2021, ano em que serão concluídas as últimas encomendas da aeronave.

O A380 estreou na aviação comercial com a Singapore Airlines, hoje segundo maior operador do modelo (Airbus)
O A380 estreou na aviação comercial com a Singapore Airlines em 2007 (Airbus)

Elefante branco

Quando anunciou o programa A3XX, ainda no começo dos anos 1990, a Airbus tinha grandes expectativas para a aeronave que depois ganharia o nome A380. A fabricante recebeu 1.200 pedidos pelo jato que aparecia como o substituto definitivo para o Boeing 747, que dominava a aviação de grande porte desde a década de 1970.

O projeto, porém, era extremamente complexo e atrasou. Ao mesmo tempo em que o avião recebia modificações, o mercado de aviação comercial passava por transformações. Enquanto a Airbus desenvolvia o maior avião de passageiros do mundo, as companhias aéreas estavam abandonando esse tipo de aeronave e optando por modelos menores, mais eficientes e que podiam percorrer maiores distâncias, como os atuais Boeing 787 e Airbus A350.

O A380 tem autonomia para voar cerca de 15.000 km (Airbus)
Wet-lease: a Hi-Fly oferece seu A380 para outras companhias em temporadas de maior movimento (Airbus)

Quando o A380 chegou ao mercado já era tarde demais. E caro demais. Dos 1.200 pedidos, apenas 290 foram concretizados, com 235 aeronaves entregues até março deste ano.

A cena de jatos A380 sendo sucateados deve se repetir em breve. Parte dos atuais operadores da aeronave anunciaram que vão reduzir suas frotas nos próximos anos. É o caso de empresas como a Air France, Lufthansa, Qatar Airways e Qantas.

Veja mais: LATAM confirma arrendamento de 10 jatos A320 ex-Avianca

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  1. Que tal converter em cargueiros militares… Já manda 2 para FAB, na faixa, se conselho fosse vendido, o mundo estava cheio de bilionário

  2. Se eles tivessem feito essa aeronave voar nos Anos 80, muitas empresas, principalmente as europeias que usavam o 747 (que é um projeto mais antigo) talvez iam abraçar os A380.
    O A380 hoje é como um dirigir um Cadillac dos anos 70: imponente e de respeito, mas beberrão e pesado para o trânsito atual.
    Talvez em algum momento do futuro voltaremos ter uma aeronave no porte do A380, se desenvolverem alguma tecnologia de motorização híbrida que nem dos automóveis.

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