O grupo Mitsubishi Heavy Industries (MHI) confirmou nesta segunda-feira, 1, a compra do programa de jatos regionais CRJ da Bombardier por US$ 550 milhões. A conclusão do negócio vinha gerando dúvidas nas últimas semanas devido aos cortes de orçamento do projeto SpaceJet da Mitsubishi Aircraft em meio à crise do coronavírus.
Com essa venda, a MHI adquire as atividades de manutenção, suporte, reforma, marketing e vendas para as aeronaves da série CRJ, incluindo os serviços relacionados e as redes de suporte localizadas nas províncias canadenses de Quebec e Toronto e seus centros de serviços nos EUA em West Virginia e Arizona, bem como os certificados de tipo dos jatos. Sob o acordo, o grupo japonês também herdou US$ 200 milhões em dívidas relacionadas aos jatos regionais da Bombardier.
A fabricante canadenses ainda continuará fornecendo componentes e peças de reposição e montará os 15 jatos CRJ restantes na carteira de pedidos em nome da MHI até a entrega completa das encomendas atuais, prevista para o segundo semestre de 2020. A nova divisão da Mitsubishi ficará baseada em Montreal, chamada MHI RJ Aviation Group.
Em comunicado, a MHI RJ diz que fornecerá uma “solução abrangente de serviço e suporte para a indústria global de aeronaves regionais, incluindo as aeronaves da série CRJ”.
“Há energia nova a bordo e nossa equipe está comprometida em atender o mercado de aviação regional e se tornar uma plataforma para o crescimento da indústria”, disse o executivo-chefe da MHI RJ, Hiroaki Yamamoto.
Analistas de mercado consideram a aquisição do programa de jatos regionais da Bombardier uma solução inteligente para a MHI devido a rede global de serviços relacionados ao CRJ. O programa SpaceJet da Mitsubishi Aircraft precisa dessa presença ao redor do mundo para ajudar a impulsionar as vendas das novas aeronaves fabricadas no Japão e que devem chegar ao mercado em meados de 2023, se não houver mais atrasos e cortes no programa.
![](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2020/03/M90-960x640.jpg)
De acordo com dados de frotas da rede Cirium, existem atualmente cerca de 820 jatos CRJ em operação no mundo todo.
Bombardier se despede da aviação comercial
Em situação financeira delicada, a Bombardier foi forçada a vender todas as suas divisões na aviação comercial. Em 2019, a empresa vendeu os direitos de produção e fábricas dos turboélices QSeries ao grupo canadense canadense Longview Aircraft Capital, que rebatizou a série novamente com seu nome original, Dash 8. Outra baixa importante foi a venda da divisão Short Brothers, na Irlanda do Norte, que pertencia ao grupo desde 1977.
No começo deste ano, a Bombardier também abriu mão de sua participação no programa A220 (ex-CSeries), comprada pela Airbus por US$ 591 milhões – a província do Quebec ainda detém 25% do programa. Para abandonar de vez o setor de aviação comercial, restava apenas se desfazer da série CRJ, assumida hoje pela Mitsubishi.
A atuação da Bombardier na aviação agora é limitada aos jatos executivos, um nicho onde a fabricante canadense ainda tem certa relevância e fôlego para continuar no mercado.
Veja mais: Embraer vê mercado favorável para seus jatos no pós-pandemia