No tempo em que os tanques de guerra voavam

Soviéticos testaram um tanque de guerra com asas, nos anos 1940. E funcionou, ao menos parcialmente

Essa é a única fotografia conhecida do A-40 Krylya Tanka (Domínio Público)
Essa é a única fotografia conhecida do A-40 Krylya Tanka (Domínio Público)
Essa é a única fotografia conhecida do A-40 Krylya Tanka (Domínio Público)
Essa é a única fotografia conhecida do A-40 Krylya Tanka; o aparelho voou em 1942 (Domínio Público)

Em uma guerra, a capacidade de transportar tanques de combate para dentro das linhas inimigas é uma valiosa vantagem, permitindo atacar o inimigo por todas as partes, principalmente pela retaguarda. No formato atual, grandes aeronaves militares, como o C-130 Hercules ou o C-17 Globemaster, podem lançar veículos blindados em baixa altitude com ajuda de enormes paraquedas. Mas os soviéticos, como sempre, tentaram fazer algo diferente.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitas ações na Europa tiveram o apoio de planadores, que transportavam tropas e até veículos blindados leves, como um tanque pequeno. A aeronave voava para além do território hostil, pousava e desembarcava sua carga. Era também uma operação complexa e, sobretudo, perigosa, algo que engenheiros da antiga União Soviética pensaram que poderiam solucionar ao iniciar o projeto de um tanque com asas.

O A-40 Krylya Tanka (“Tanque com Asas”, em russo) foi um protótipo de tanque-planador desenvolvido pela Antonov a partir de um tanque T-60. O objetivo do conceito era criar um veículo blindado que pudesse voar rebocado por um bombardeiro Tupolev TB-3 até o campo de combate, a fim de apoiar unidades de soldados paraquedistas.

O bombardeiro Tupolev TB-3 foi escolhido para rebocar o tanque voando (Domínio Público)
O bombardeiro Tupolev TB-3 foi escolhido para rebocar o tanque voando (Domínio Público)

Após o pouso, a tripulação poderia desencaixar rapidamente as asas e estabilizadores horizontais do tanque e seguir para o combate. A preparação para o voo começou em 1942, e o tanque selecionado precisou passar por uma severa redução de peso para poder voar. Ou ao menos tentar. Foram retirados todos os armamentos, munições e luzes. Além disso, para o ensaio, o tanque de combate seria abastecido com uma quantidade mínima de combustível.

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É um pássaro? É um avião? 

No dia 2 de setembro de 1942, o tanque voador da Antonov decolou com a ajuda de um TB-3 na função de rebocador. Mas foi um voo curto. Ao perceber que o tanque sofria enorme resistência aerodinâmica, o piloto de testes soviético Sergei Anokhin, para evitar um acidente, desengatou o cabo que rebocava o protótipo a poucos metros de altitude e, com certa dificuldade durante o voo solo, conseguiu pousar em segurança, ainda na área de escape do aeródromo.

A parte "aérea" do tanque era como a de um biplano, com duas asas (Amodel)
A parte “aérea” do tanque era como a de um avião biplano, com duas asas (Amodel)

Em seguida, Anokhin desmontou as asas do tanque e dirigiu até o ponto de origem, na cabeceira da pista. Apesar do relativo sucesso, o projeto foi cancelado. Mas não por causa do tanque. A URSS ainda não possuía um avião-rebocador potente o suficiente para superar os 200 km/h – o TB-3 utilizado no teste, apesar de quadrimotor, mal chegava aos 190 km/h.

Ainda durante a Segunda Guerra Mundial, a URSS testou outras formas de lançar tanques no campo de batalha, algumas bem perigosas. Uma delas consistia em lançar os veículos blindados, também a partir de um bombardeiro TB-3, a baixa altitude e sem paraquedas. Essa ideia foi testada na água e em terra firme. Por segurança, a tripulação do tanque era lançada separada (e de paraquedas).

Para pousar e continuar rolando, o tanque era lançado com o câmbio em ponto morto (Domínio Público)
Para pousar e continuar rolando, o tanque era lançado com o câmbio em ponto neutro (Domínio Público)

Veja mais: Quando os porta-aviões voavam…

Fonte: War History

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