Novo avião militar do Brasil aparece de surpresa no Dubai Air Show

Monomotor desenvolvido pela Novaer e a Calidus foi desenhado por Joseph Kovács, projetista do Embraer Tucano
O B-250 Bader tem autonomia de voo de 12 horas, afirma o fabricante (Divulgação)
O B-250 tem autonomia de voo de 12 horas, afirma o fabricante (Divulgação)

Um avião com prefixo brasileiro está chamando atenção no Dubai Air Show e ele não é um jato da Embraer. O B-250 Bader, um monomotor turbo-hélice de aplicação militar, foi apresentado pela primeira vez ao público pela Calidus, grupo industrial de Abu Dhabi e agora parceiro da Novaer, empresa de São José dos Campos (SP) que projetou a aeronave de combate.

Já apontado pela mídia estrangeira como um concorrente para o A-29 Super Tucano, o novo avião fabricado no Brasil pode atuar nas mesmas funções do famoso turbo-hélice da Embraer. Segundo comunicado da Calidus, o B-250 pode realizar missões de ataque ao solo, suporte aéreo e operações de reconhecimento, além de também servir como plataforma de treinamento avançado.

E as semelhanças com o modelo da Embraer não param por aí. O Bader foi desenhado pelo engenheiro aeronáutico Joseph Kovács, mesmo projetista do T-27 Tucano. Kovács, húngaro naturalizado brasileiro, também assina o projeto do outro avião da Calidus/Novaer exposto em Dubai, o monomotor T-Xc Sovi, na versão de treinamento militar primário, que vem sendo testado pela empresa de SP desde 2014.

De acordo com a fabricante, a aeronave é construída com “uso intensivo de materiais compostos”, como componentes de fibra de carbono. Como explica a fabricante, a utilização desses materiais permite reduzir o peso da estrutura do avião, obter a melhor performance do motor e facilita os processos de desenvolvimento e produção.

A divulgação da Calidus/Novaer sobre o avião ainda é arrojada. O grupo afirma que o B-250 tem a melhor capacidade bélica da categoria, acelerações razões de subida “sem paralelo” e autonomia de voo para até 12 horas. O modelo exposto em Dubai é sugerido com armamento pesado, com mocapes de sensores, mísseis, bombas e foguetes.

A apresentação do B-250 foi acompanhada pelo Ten Brig. Rossato, Comandante da Força Aérea, Embaixador do Brasil nos Emirados, De. Fernando Igreja (Divulgação)
Da direita para a esquerda: Paulo Junqueira, CEO da Novaer, Ten Brig. Rossato, Comandante da FAB, Fernando Igreja, embaixador do Brasil nos EAU e Graciliano Campos, Diretor Presidente da Novaer (Divulgação)

Fabricado na surdina

A Novaer foi bastante discreta durante o desenvolvimento e produção do monomotor, assim como no anuncio de sua parceria com a Calidus. A construção do primeiro protótipo e seu voo inaugural foi realizado em apenas 25 meses, revelou a empresa.

A fabricante ainda não divulgou em que estágio se encontra a campanha de testes do avião. O grupo, em contrapartida, afirma que o custo de seu projeto representa menos da metade de qualquer outro programa desse tipo no mercado. Outros aviões nesse mercado são, além do já citado Super Tucano da Embraer, o Textron AT-6 Wolverine, dos Estados Unidos, e o novo TAI Kürkus, da Turquia, também apresentado no Dubai Air Show.

O B-250 foi construído e testado pela primeira vez em apenas 25 meses (Divulgação)
O B-250 foi construído e testado pela primeira vez em apenas 25 meses (Divulgação)

“A Novaer acredita que é hora de reverter a espiral divergente dos custos de desenvolvimento, particularmente na área da defesa, em sintonia com orçamentos mais controlados. Acreditamos que a capacidade da Novaer de fornecer soluções eficientes e inovadoras para as aeronaves e seus sistemas nos trará novas parcerias além do programa B-250 e gerará novos negócios para ambas as empresas. A Novaer provou ser capaz de realizar desenvolvimentos desafiadores no setor aeronáutico e de defesa e estamos prontos para o próximo desafio “, afirma Graciliano Campos, diretor-presidente da Novaer.

O grupo Calidus/Novaer ainda não confirma se existem interessados em comprar a nova aeronave. O modelo está exposta em Dubai com um esquema de pintura e símbolos da força aérea dos Emirados Árabes Unidos.

Treinador primário

O TX-c Sovi, outro avião desenvolvido pela Novaer presente em Dubai, é o principal candidato a substituir os Neiva T-25 Universal, avião de treinamento básico da Força Aérea Brasileira nos últimos 40 anos. O modelo, que voou pela primeira vez em 2014, é proposto em versões civil para até quatro passageiros e militar para dois ocupantes.

O avião de treinamento básico TX-c Sovi também está exposto no Dubai Air Show (Divulgação)
O avião de treinamento básico TX-c Sovi também está exposto no Dubai Air Show; modelo é proposto para substituir os antigos T-25 da Força Aérea Brasileira (Divulgação)

O projeto do TX-c, avaliado em cerca de R$ 10 milhões, é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A aeronave ainda está em fase de certificação.

A Novaer Aircraft foi fundada em 1999 por Luiz Paulo Junqueira, ex-diretor da Embraer, e iniciou seus trabalhos oferecendo serviços de engenharia aeronáutica, desenvolvendo e produzindo sistemas e componentes para aeronaves no mercado civil e militar. Em 2014, a empresa passou a produzir seus próprios aviões com o início do projeto TX-c.

Veja mais: Rússia e Emirados Árabes planejam construir em parceria novo jato comercial

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  1. Sei que a notícia é bem recente, mas senti falta de mais alguns dados técnicos como velocidade, armamento e demais especificações

  2. Ja trabalhei nesse projeto e posso afirmar sendo 1 ton mais leve que o super tucano…a empresa nao soltara todos dados tecnicos ainda mas afirmo é o melhor ja construido desde autonomia e suas respectivas configuraçoes…agora é esoerar acabar com o monopolio.

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