Os dias do porta-aviões NAe São Paulo em águas brasileiras estão chegando ao fim. Conforme publicado em primeira mão pelo Airway, o casco da embarcação que pertenceu à Marinha do Brasil foi arrematado em leilão na última sexta-feira (12), por R$ 10.550.000,00. O barco foi adquirido pela empresa fluminense Cormack Marítima, que participou do certame representando o estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic.
“Arrematamos o porta-aviões”, confirmou Jorge Cormack, diretor da Cormack Marítima, ao Airway, acrescentando que a embarcação será rebocada para um estaleiro de desmantelamento na Turquia entre maio e junho deste ano.
“Antes no navio ser rebocado até a Turquia, ele passará por um procedimento que inclui fechamento das válvulas-de-mar, fixação de leme e outros itens relativos às leis que regem as normas internacionais de segurança e estabilidade de embarcações em caráter de reboque”, explicou o Sr. Jorge Cormack.
O envio do NAe São Paulo para um desmanche na Turquia é um grande alívio para grupos ambientalistas e também livra o Brasil de possíveis imbróglios diplomáticos.
A última palavra sobre onde e como o navio pode ser desmontado é da França, que vendeu o porta-aviões (ex-Foch) usado à Marinha do Brasil em setembro do ano 2000. Uma cláusula no acordo assinado entre os dois países define que a embarcação deve ser desmantelada de forma segura e ambientalmente adequada em estaleiros de reciclagem certificado pela União Europeia.
Esse detalhe no contrato evita que o porta-aviões desativado seja enviado para os desmanches de navios no sul da Ásia, que não possuem as certificações da UE. A região mais notória nesse tipo de atividade fica na praia de Alang, na costa oeste da Índia, onde velhas embarcações são desmontadas em condições precárias e sem nenhum cuidado com os resíduos poluentes.
“A confirmação do desmanche do porta-aviões São Paulo na Turquia é um grande alívio para nós. Todos os navios contêm grandes quantidades de material tóxico, como amianto e resíduos de óleo. Por isso, o descarte de uma embarcação como essa precisa ser executado de maneira segura e respeitando o meio ambiente, algo que não ocorre nos desmanches de navios localizados no sul da Ásia”, disse Nicola Mulinares, gerente de comunicação da ONG internacional Shipbreaking Platform, em contato com a reportagem.
A Marinha do Brasil ainda não se pronunciou sobre a venda do porta-aviões São Paulo.
Maior navio de guerra do Brasil
Maior embarcação militar que serviu com a bandeira brasileira, o navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.
Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.
Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.
Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.
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Bela marinha esta que compra ferro velho! Os responsáveis pela compra desta embarcação deveriam ser fuzilados por pura incompetência!