![O Bandeirante foi o primeiro avião comercial desenvolvido no Brasil (Embraer)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2017/09/Bandeirante_01-960x640.jpg)
Um pequeno avião com uma enorme importância para o Brasil, o Bandeirante, aeronave que deu origem a Embraer, completa nesta segunda-feira (22/10) 50 anos de seu seu primeiro voo. O protótipo do bimotor, ainda uma versão simplificada do que seria o modelo final, decolou do aeroporto de São José dos Campos (SP), onde no ano seguinte, em 19 de agosto de 1969, foi fundada a “Empresa Brasileira de Aeronáutica”, criada por decreto-lei pela junta-militar que governava o país naquela época.
Na década de 60, o mercado brasileiro iniciou um período de forte redução no número de cidades atendidas pelo transporte aéreo. As companhias daquela época voavam com antigos aviões fabricados nos Estados Unidos, especialmente o famoso Douglas DC-3. Eram aeronaves que pousavam em pistas de terra, de curta extensão, transportando até 30 passageiros e pouca ou nenhuma infra-estrutura de apoio à navegação. Mas eles estavam ficando velhos e voavam em uma época em que começam a surgir os primeiros jatos, que também exigiam aeroportos modernos.
Nos anos 1950 o Brasil chegou a contar com 360 cidades atendidas pela aviação comercial, e na década seguinte tinha apenas cerca de 120 destinos servidos. Era um momento de mudança não só na aviação brasileira como também um movimento mundial.
![Rolllout do Bandeirante: quatro dias após o voo inaugural, a aeronave foi apresentada ao público e voou novamente (Embraer)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Bandeirante_03-960x625.jpg)
Os primeiros protótipos do Bandeirante foram projetados e fabricados no Centro Técnico Aeroespacial (CTA, hoje conhecido como DCTA, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), liderado inicialmente pelo projetista francês Max Holste. O avião era um fruto de uma difícil caminhada iniciada pela equipe de Ozires Silva em 1965, quando sugeriu o modelo “IPD-6504”ao Ministério da Aeronáutica.
Em 12 de junho de 1965, o então ministro da Aeronáutica, Brig. Eduardo Gomes, assinou o documento básico de aprovação do projeto IPD-6504, e nesse mesmo mês, no PAR, Departamento de Aeronaves do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) do CTA, era iniciada a construção do Bandeirante. Para a construção do primeiro protótipo, decorreram três anos e quatro meses, entre os primeiros estudos preliminares e o voo do dia 22 outubro de 1968.
O Bandeirante nasceu como um projeto do IPD do CTA. Desde o início o grupo foi liderado por Ozires Silva, então major da Força Aérea Brasileira (FAB). A ideia era criar um avião bimotor turbo-hélice, com capacidade para 20 passageiros e operar onde pousavam os antigos DC-3 sem exigir atualizações nos aeroportos. Além disso, a aeronave também foi proposta em versões para uso militar.
![A FAB tem cerca de 40 exemplares do Bandeirante na frota (FAB)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Bandeirante_04-960x633.jpg)
O esforço resultou no projeto do bimotor IPD-6504, de concepção simples, com peso máximo de decolagem de cerca de 4.500 kg, e equipado com dois motores turbo-hélice Pratt & Whitney Canada PT6A-20. O voo inaugural do primeiro protótipo do Bandeirante foi comandado pelo major José Mariotto Ferreira e engenheiro de voo Michael Cury.
Voa o Bandeirante e nasce a Embraer
A Embraer foi criada por um decreto-lei da junta-militar assinado pelo general Artur da Costa e Silva, presidente do Brasil naquela época, em 22 de agosto de 1969, e Ozires Silva foi nomeado presidente da fabricante.
![(EMbraer)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Bandeirante_02-949x640.jpg)
A Embraer contava com 150 profissionais contratados, entre eles a equipe de Ozires que trabalhou no projeto do primeiro protótipo do Bandeirante no CTA. A criação da empresa estava fundamentada na fabricação do bimotor Bandeirante, mas logo a sua carteira de produtos aumentou, incorporando o planador Urupema, o avião agrícola Ipanema e o jato de combate Xavante.
Foram construídos três protótipos do Bandeirante (ainda EMB-100), que testados a exaustão colheram os dados necessários para evoluir até a versão definitiva, o EMB-110, que voou em 9 de agosto de 1972.
O “novo” Bandeirante apresentava um visual mais atraente, com aspecto mais moderno em relação aos primeiros protótipos. O para-brisa foi reformulado, os motores ganharam naceles mais aerodinâmicos, além da fuselagem alongada. Em dezembro de 1972, o avião foi certificado e os três primeiro exemplares de série, de uma encomenda inicial de 80 aeronaves, foram entregues à FAB.
![A Transbrasil foi o primeiro operador do Embraer Bandeirante na aviação comercial (Embraer)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Bandeirante_Transbrasil-960x640.jpg)
O primeiro operador comercial do Bandeirante foi a extinta Transbrasil, em abril de 1973. O fato é um grande marco na aviação brasileira, pois pela primeira vez um avião projetado e fabricado no país voava regularmente com uma companhia aérea nacional. O segundo operador do EMB-110 foi a VASP.
Em 1975, a Embraer exportou os primeiros Bandeirante: duas aeronaves foram vendidas para a Força Aérea Uruguaia. Dois anos depois foram iniciadas as exportações do bimotor para linhas aéreas comerciais – a primeira empresa aérea estrangeira a operar com o Bandeirante foi a francesa Air Littoral. Antes de ser entregue, o avião foi exposto no mais importante evento de aviação do mundo, o Salão Internacional de Le Bourget, na França, do qual a Embraer participava pela primeira vez.
![O Bandeirulha é a versão militar de patrulha naval no Embraer Bandeirante (FAB)](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2017/02/P-95_bandeirulha-960x636.jpg)
Era também a primeira travessia do Atlântico feita por aviões de fabricação nacional, que ocorreu em 26 de maio de 1977, quando o Bandeirante nas cores da Air Littoral decolou de São José dos Campos para Paris. A aeronave fez escala técnica para reabastecimento em Fernando de Noronha e, no dia seguinte, deixou aquela base rumo a Dakar, para depois seguir a Sevilha e finalmente chegar em Paris. O Bandeirante completou o percurso em exatas sete horas e quatro minutos.
Para ampliar as exportações do Bandeirante, a Embraer passou a buscar certificações de agências internacionais. No final dos anos 1970 o avião foi certificado por órgãos de aviação da Europa e dos EUA. A partir daí, a aeronave foi exportada para diversos outros países.
A linha de produção do Bandeirante foi encerrada no final de 1991, sendo que a última unidade foi entregue para o Governo da Amazônia em 1995. No total, foram fabricadas 498 aeronaves, sendo 253 para operadores no Brasil e 245 vendidas para o exterior. E muitos ainda continuam em operação.
A FAB possui a maior frota ativa de Bandeirante, com cerca de 40 aparelhos em serviço. O clássico avião da Embraer também sobrevive na aviação civil, operando como táxi-aéreo pelos rincões do Brasil, e também nos EUA, África e Ásia.
Esclarecedora matéria.
O Bandeirante é um marco na aviação brasileira. O Sr Ozires Pires e equipe merecem
O respeito de todos nós.