Reino Unido freia a venda de caças sul-coreanos para a Argentina

Governo argentino planejava a compra de dez jatos FA-50 fabricados pela Korean Aerospace Industries
Caça FA-50 da Força Aérea da Coreia do Sul; jato estrou no país em 2014 (ROKAF)
Caça FA-50 da Força Aérea da Coreia do Sul (ROKAF)

O projeto de reequipamento da Força Aérea Argentina com aviões de combate supersônicos encontrou uma barreira inesperada. O país vizinho pretendia adquirir 10 unidades do caça leve sul-coreano FA-50 para voltar a contar com aviões dedicados à defesa aérea, porém, a KAI (Korean Aerospace Industries), fabricante do modelo, informou à Argentina que está impossibilitada de entregá-los.

O problema envolve seis importantes componentes da aeronave que são produzidos no Reino Unido, e que impediu o fornecimento dos itens à Argentina. Desde 1982, quando ocorreu a Guerra das Malvinas/Falkland, os britânicos têm um embargo de venda de armamentos aos antigos rivais.

A informação foi revelada por uma carta da KAI ao embaixador da Argentina na Coreia do Sul em 28 de outubro. A fabricante diz que, embora não tenha encontrado ainda uma solução, está fazendo esforços para tentar contornar o problema.

A carta enviada pela KAI informa que o Reino Unido barrou fornecimento dos componentes (Reprodução)

Derivado do F-16

O FA-50 é uma versão de combate do avião de treinamento T-50. Esta aeronave, por sua vez, foi desenvolvida em parceria com a Lockheed Martin e por essa razão guarda semelhanças com o caça F-16. O FA-50 é equipado com um motor GE F404 licenciado pela Samsung e que é usado também pelo caça F/A-18, rival do F-16.

Seus sistemas são bastante avançados e incluem fly-by-wire, conceito HOTAS, amplo campo de visão HUD, sistema de navegação inercial e radar Doppler de pulso.

O FA-50 é a variante de combate leve com dois assentos. KAI até propôs um caça de um lugar, mas que nunca foi construído. Entre os armamentos que o ‘Golden Eagle’ pode carregar estão o míssil ar-ar AIM-9 Sidewinder, bombas inteligentes e mísseis ar-solo, além de um canhão interno de 20 mm.

Aviões de ataque adaptados

Em 2019, a imprensa argentina noticiou que o governo estava próximo de fechar um acordo com a KAI para adquirir 10 caças FA-50 por cerca de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,15 bilhão), um valor muito mais baixo que de caças mais avançados como o Gripen E, encomendado pela FAB. O negócio, no entanto, foi suspenso neste ano logo após o início da pandemia.

Desde 2015, a Fuerza Aérea Argentina está sem um avião supersônico de interceptação, após a aposentadoria de seus Mirage III. O país tem tentado negociar o fornecimento de caças há tempos, mas esbarra no orçamento e em restrições burocráticas. Atualmente, a defesa aérea da Argentina é feita por meia dúzia de aviões de ataque A-4AR subsônicos adaptados. Uma unidade, no entanto, caiu em agosto em agosto, vitimando seu piloto.

O A-4AR é o atualmente o avião mais rápido da Fuerza Aérea Argentina (Rob Schleiffert)
O A-4AR é o atualmente o avião mais rápido da Fuerza Aérea Argentina (Rob Schleiffert)

Veja também: Argentina adia modernização de seus Tucanos para 2021

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