Rússia abandona a China em projeto do widebody CR929

Diretor do grupo russo UAC admitiu que a companhia estatal não é mais parceira da China no projeto CR929
Mocape do CR929 apresentado no Zhuhai Airshow, em 2018, na China (UAC)
Mocape do CR929 apresentado no Zhuhai Airshow, em 2018, na China (UAC)

Após muita especulação, a conglomerado estatal United Aircraft Corporation (UAC), da Rússia, admitiu que não é mais parceiro na joint venture CRAIC com a chinesa COMAC no projeto da aeronave widebody CR929. A empresa russa, no entanto, seguirá atuando no desenvolvimento do avião como o principal fornecedor.

A mudança de papel dos russos no projeto CR929 foi confirmada ontem (21) por Yury Slyusar, diretor geral da UAC, durante uma entrevista coletiva no fórum militar “Army-2023”, em Moscou.

“Todos os líderes mundiais de tecnologia que cooperaram conosco e com os chineses no projeto interromperam esta cooperação”, disse Slyusar, culpando as sanções impostas à Rússia devido à invasão da Ucrânia.

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O widebody CR929, desenvolvido em parceria pela UAC e COMAC; lançamento era esperado para 2027 (COMAC)

O diretor da UAC não revelou, por ora, quais serão as atribuições da empresa no desenvolvimento do CR929, mas que considera “várias opções de cooperação” com a COMAC. Entre alguns exemplos, o executivo citou o fornecimento de motores e uma asa de material composto fabricados na Rússia como formas de colaboração no projeto.

A formação do consórcio CRAIC (de China-Russia Commercial Aircraft International Corporation/Corporação Internacional de Aeronaves Comerciais China-Rússia) foi anunciado pela COMAC e a UAC em junho de 2016. Na ocasião do anúncio, as empresas tinham a expectativa de colocar o CR929 em serviço até meados de 2027.

A COMAC, embora ainda não admita oficialmente, já trata o CR929 como um produto de seu catálogo. No Paris Air Show, o estande da empresa chinesa apresentou imagens digitais da aeronave com o dizeres “COMAC wide-body” estampados no avião e sem a logomarca da UAC. Se assim for, é provável que o jato seja renomeado como C929 em algum momento.

O widebody CR929 foi apresentado em Paris sem qualquer referência à parceria com a Rússia (Ricardo Meier)

Widebody de porte semelhante ao do Airbus A330, o CR929 é projetado para transportar entre 258 e 440 passageiros com alcance de até 12.000 km. Mesmo com a saída da UAC do projeto, a COMAC deve continuar o desenvolvimento da aeronave por conta própria no intuito de atender a demanda de companhias aéreas da China.

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  1. Resumindo: a COMAC meteu o pé na UAC simplesmente por não querer entrar na lista negra de empresas “sujas”.
    A gigante chinesa com certeza percebeu a fria que poderia entrar se mantivesse essa parceria.

  2. Penso diferente, acho que a COMAC queria a parceria da UAC para adquirir know-how e, aí sim, chutá-la para escanteio. Pelo visto, conseguiram o suficiente para tomar esse passo. Se os russos não são confiáveis, os chineses são piores ainda.

  3. Incrível como os russos conseguem não ganhar quase nenhum mercado, e ainda perder os poucos que tinham… Tem um atraso mental nestes caras, a gente não consegue achar nenhum produto de consumo russo em lugar nenhum, ficam lá sentados em cima da exportação de petróleo e gás nas maõs de bilionários, e no interior a população morando naquelas vielas cheias de barro…

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