Rússia vai retomar produção do bombardeiro Tu-160
Tupolev Tu-160 pode levar 40 toneladas de armas voando em velocidade supersônica


Uma das últimas e mais mortíferas máquinas de guerra desenvolvidas pela União Soviética, o poderoso bombardeiro estratégico Tu-160, vai ter sua produção retomada. Sergei Shoigu, ministro de defesa da Rússia, anunciou no final de abril durante visita a fábrica da Kazan Aviation que o país renovará a linha de montagem do jato militar.
“Atualmente é necessário resolver a tarefa de não apenas manter e modernizar a aviação de longo alcance, também precisamos produzir o transportador de mísseis Tu-160”, declarou Shoigu ao noticiário Sputniknews.com. “O bombardeiro é uma máquina única, à frente de seu tempo em muitos anos e que até agora não teve seu potencial totalmente explorado”, concluiu o ministro, dando a entender que a vida do Tu-160 será mais longa do que muitos imaginavam no Ocidente.
O governo russo, porém, ainda não divulgou quantas unidades serão construídas, mas sabe-se que a nova versão terá recursos de última geração da indústria russa. Engenheiros trabalham em melhorias nos sistemas de tiro e contra-medidas eletrônicas, que, segundo especulações, podem deixar o “novo” Tu-160 invisível aos radares.
Não se sabe ao certo, mas a Rússia tem cerca de 16 Tu-160 em condições de operação. Foram fabricados 35 aviões, dos quais 19 foram enviados a Ucrânia ainda nos 1980, quando o país ainda fazia parte da URSS. Com o fim do regime, a Ucrânia ficou com os aviões que estavam em seu território, mas nunca chegou a aproveitá-los. Na década de 1990 a Rússia conseguiu comprar de volta 8 unidades e as demais unidades foram desmontadas.

O gigante russo
Desenvolvido entre o final da década de 1970 e início de 1980, o enorme bombardeiro supersônico da Tupolev entrou em serviço na Força Aérea da Rússia em 1987. O avião foi a resposta soviética ao Rockwell B-1A da Força Aérea dos EUA, que é superado de longe pelo avião russo em velocidade e alcance (mas leva apenas 1/5 da carga do B-1A).
Concebido para penetrar em espaços aéreos inimigos sem ser alcançado ou interceptado, o Tu-160 voa alto, a 15 mil metros, e a uma velocidade que pode chegar a 2.000 km/h. Os ataques podem ser realizados com bombas sobre o alvo ou lançando mísseis de cruzeiro, que no caso dos aparelhos russos podem ser de uso convencional ou nuclear.
A autonomia do Tu-160 também impressiona, podendo superar os 18 mil km, dependendo do regime de voo aplicado e carga. Um dos recordes mais recentes do avião foi um voo que durou mais de 24 horas. Em condições de guerra, o avião pode ser carregado para voar por até 12.300 km carregando 40 toneladas de bombas e mísseis.
Justamente por conta da enorme quantidade de combustível que o Tu-160 carrega, o aparelho da Tupolev se tornou o avião militar mais pesado de todos os tempos, podendo decolar pesando até 275.000 kg. Para garantir maior sustenção em pousos e decolagens, o avião tem asas de geometria variável, que abrem em velocidades mais baixas, e fecha até forma um delta para superar a velocidade do som.