Se sobreviver, Avianca Brasil deverá ser uma empresa aérea nanica

Caso seus credores aceitem o plano de recuperação judicial que prevê a venda de seus ativos para terceiros, companhia terá de recomeçar quase do zero

Utilizado apenas pela Avianca, o A318 mede 31,4 metros de comprimento e 34,1 de envergadura
Airbus A318 da Avianca: avião deve ser um dos poucos ativos que sobrarão após plano de recuperação judicial

Após apresentar seu plano de recuperação judicial na segunda-feira (18) e que será avaliado pelos credores da companhia no dia próximo dia 29, a situação da Avianca Brasil tornou-se um pouco mais clara. Como antecipado após o anúncio da proposta da Azul de compra de ativos da concorrente, a companhia aérea do grupo Synergy pretende criar uma UPI (Unidade Produtiva Isolada) que reunirá sua parte sadia e que será oferecida ao mercado.

Batizada de “UPI Life Air“, a UPI incluirá até 28 aviões da sua frota de cerca de 44 aeronaves, o certificado de operador aéreo, espécie de licença de operação fornecida pela ANAC e mesmo parte dos funcionários e o nome “Avianca” até a total integração com o comprador, além de um número não revelado de slots em aeroportos movimentados e que foi suprimido da cópia da minuta que está no site da Avianca.

Se for aprovado na assembléia dos credores, o leilão da Avianca Brasil, oficialmente Ocean Air, deverá ocorrer até 30 de maio, segundo o documento. Caso haja mais interessados e um deles vencer, a Azul receberá de volta o empréstimo feito à Avianca nos últimos dias com acréscimo de 15% sobre o valor pago pela UPI como multa. Se não houver outros participantes, a Azul deve ser declarada vencedora e descontará o valor repassado à empresa na proposta oferecida aos credores.

Então começará um longo processo em que será preciso a anuência dos órgãos de controle bem como a parte burocrática de criação da nova empresa, mas certamente a Azul, caso vença, logo integrará a malhas de voos da Life Air com a sua própria marca na forma de um code share, por exemplo.

Receba notícias quentes sobre aviação em seu WhatsApp! Clique no link e siga o Canal do Airway.

Embora outras empresas possam demonstrar interesse, como a própria Gol e LATAM, é fato que a Azul é a que mais tem afinidades e sinergias com a Avianca. Suas frotas de aviões são semelhantes e dos 28 aviões possíveis de serem repassados há pelo menos 20 do modelo A320. Os slots, no entanto, devem ser o maior trunfo da Life Air já que a Azul tem hoje uma presença muito pequena em terminais como Congonhas e Santos Dumont.

Airbus A320 da Avianca: entre os 28 aviões que serão incluídos na UPI, o jato certamente é o que interessa à Azul

Espólio

Estimava-se que a Avianca Brasil tenha em torno de R$ 500 milhões em dívidas com empresas de leasing e também passivos trabalhistas, mas acredita-se no mercado que o valor é bem mais alto, superando a marca de R$ 1 bilhão – os valores serão conhecidos antes da assembleia do dia 29 de março.

Se isso for confirmado e a proposta de pouco mais de R$ 400 milhões da Azul for aceita, isso pode significar que o espólio da Avianca ainda estará pesadamente endividado. Na proposta desenhada pela empresa, fala-se em novos empréstimos para cobrir essas dívidas.

Caso sobreviva após a venda da UPI, o que restará do que hoje conhecemos como a Avianca Brasil serão poucos e antigos aviões, provavelmente dos modelos A318 e A319 com quase dez anos de idade e rotas menos interessantes além de um quadro reduzido de funcionários. Ou seja, uma empresa minúscula comparada às suas rivais atuais. No entanto, nada impede que a companhia aérea volte a ser erguer e crescer, mas certamente essa tarefa não será das mais fáceis após o desgaste sofrido nos últimos meses.

(Thiago Vinholes)
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo: slots no terminal paulista valem ouro para a Azul (Thiago Vinholes)

Veja também: Azul planeja receber 21 aeronaves de nova geração em 2019

Posts Similares