Airbus revela motor movido a hidrogênio que será testado no A380

Sistema de propulsão elétrico com células de hidrogênio é proposto para equipar os aviões comerciais da Airbus na próxima década
Sistema de propulsão a hidrôgenio da Airbus: tecnologia deve chegar nos aviões comerciais em meados de 2035 (Airbus)

O Airbus Summit 2022, encontro anual realizado nesta semana pelo grupo Airbus, trouxe à tona os primeiros detalhes do sistema de motorização elétrica com células de hidrogênio que está sendo desenvolvido pela fabricante como uma solução de zero emissão para seus aviões no futuro.

Sistemas de propulsão a hidrogênio são considerados uma das alternativas mais promissoras para reduzir e até zerar a poluição gerada pela aviação, pois esse tipo de motor não emite dióxido de carbono. Segundo a Airbus, a nova tecnologia deve ser incorporada em suas aeronaves a partir de 2035.

O motor ecológico será testado em solo e em voo por meio da aeronave de demonstração ZEROe, uma plataforma aérea de ensaios baseada no A380 (especificamente o modelo com número de série MSN1). O aparelho com modificações significativas na fuselagem para carregar o sistema de propulsão alternativo e outros elementos associados voará ainda nesta década, garante a fabricante.

“Células de combustível são uma solução potencial para nos ajudar a alcançar nossa ambição de zero emissão e estamos focados em desenvolver e testar essa tecnologia para entender se é viável e confiável para a entrada em serviço de uma aeronave de zero em emissão 2035,” disse Glenn Llewellyn, vice-presidente de aeronaves de zero emissão da Airbus.

Concepção artística do ZEROe, a plataforma aérea de testes baseada no giganet A380 (Airbus)

De acordo com Llewellyn, os motores de célula de combustível podem ser capazes de impulsionar uma aeronave de 100 passageiros com um alcance em torno de 1.852 km (1.000 milhas náuticas). “Ao continuar investindo nessa tecnologia, estamos nos dando opções adicionais que irão informar nossas decisões sobre a arquitetura de nossa futura aeronave ZEROe, cujo desenvolvimento pretendemos lançar no período 2027-2028.”

Como funciona?

Existem duas maneiras pelas quais o hidrogênio pode ser usado como fonte de energia para propulsão de aeronaves. Primeiro, por meio da combustão de hidrogênio em uma turbina a gás. O outro método é utilizar células de combustível que convertem hidrogênio em eletricidade que alimenta um motor de hélice. Os dois formatos também podem ser combinados, criando um sistema híbrido-elétrico que dispensa o uso de baterias. Por ora, a Airbus vai testar a segunda opção.

No demonstrador baseado no A380, o gás será armazenado em estado líquido em tanques criogênicos. Para operar o sistema de propulsão, o hidrogênio será convertido para a condição gasosa e distribuído entre as células de combustível. A partir daí acontece a “mágica”.

A eletricidade gerada pelo sistema de propulsão proposto pela Airbus acontece por meio de uma reação eletroquímica entre o hidrogênio e moléculas de dioxigênio na célula de combustível. A ação resultante produz corrente elétrica contínua que é posteriormente convertida em corrente alternada, que por sua vez alimenta o motor a hélice e fornece o impulso. Como “emissão”, esse tipo de motor expele água na atmosfera.

Sobre os testes do sistema a bordo de um A380, Mathias Andriamisaina, chefe de Demonstradores e Testes ZEROe da Airbus, comentou que a seleção do maior avião de passageiros do mundo foi uma escolha acertada para o programa. “Ele tem muito espaço interno, portanto não há restrições em termos de acomodar tudo o que precisamos, bem como a capacidade de testar várias configurações.”

Enquanto a maior parte do equipamento está instalada fora da aeronave, incluindo o pod com o motor alternativo, no interior estará o que a equipe chama de “tenda”. Dentro dessa estrutura, que terá 10 metros de comprimento por 4 m largura, podem ser alojados até quatro tanques criogênicos contendo o hidrogênio líquido, além das linhas de abastecimento e outros recursos, como o sistema de vazão da água gerada como subproduto da reação eletroquímica.

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