Ajuste fiscal faz FAB suspender caça “tampão”

Aluguel de 12 caças usados de estoques da Suécia é suspenso devido aos cortes no orçamento

O Gripen C/D é diferente da versão "NG", que será entregue a FAB a partir de 2019 (Foto - Força Aérea da Suécia)
O Gripen C/D é diferente da versão "NG", que será entregue a FAB a partir de 2019 (Foto - Força Aérea da Suécia)
O Gripen C/D é diferente da versão "NG", que será entregue a FAB a partir de 2019 (Foto - Força Aérea da Suécia)
O Gripen C/D é diferente da versão “NG”, que será entregue a FAB a partir de 2019 (Foto – Força Aérea da Suécia)

Os cortes no orçamento da Força Aérea Brasileira (FAB) previstos no ajuste fiscal em curso neste ano, suspendeu por tempo indeterminado o projeto de arrendamento de 12 caças Saab Gripen C/D, modelo antecessor da nova geração “NG”, que é a versão que está em processo de aquisição pela FAB. Sem os aviões provisórios, a defesa aérea continuará sendo feita pelos caças Northrop F-5, que embora tenham sido modernizados pela Embraer já são considerados obsoletos.

“Diante da atual conjuntura de ajuste fiscal, o Comando da Aeronáutica começou a avaliar, como alternativa, a possibilidade de antecipar o simulador de voo do Gripen NG, como forma de propiciar a familiarização dos pilotos e mecânicos com a nova plataforma”, declarou o brigadeiro Alvani Adão da Silva, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), ao jornal Estado de São Paulo.

A proposta de aluguel das aeronaves, segundo declarações do brigadeiro ao jornal, começou a ser discutida entre o Comando da Aeronáutica e o governo sueco em 2014. A negociação não tinha nenhuma relação com a compra dos 36 caças do programada F-X2. O arrendamento dos Gripen usados preencheria a lacuna operacional entre a desativação dos caças Mirage 2000, em dezembro de 2013, e a entrega dos primeiros Gripen NG, prevista para 2019.

Complicações no pagamento

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Quando o contrato de compra dos caças Gripen NG foi assinado pela FAB, em outubro de 2014, o acordo foi firmado em coroas suecas, correspondendo a US$ 5,4 bilhões na época. Porém, com a desvalorização da moeda sueca em relação ao dolar, esse montante hoje equivale a US$ 4,6 bilhões. Devido a essa variação, o governo brasileiro tenta agora uma redução nos juros do financiamento mais adequada a situação de ajuste fiscal do Brasil.

“Esse contrato é tão importante para o Brasil quanto para a Suécia. Acredito que os dois lados estão em sintonia para buscar uma solução. Para quem esperou 18 anos, um ou dois meses a mais não faz diferença”, afirmou o brigadeiro a publicação.

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O diretor do DCTA, no entanto, admitiu que se não houve avanços na negociação até agosto, será necessário um ajuste no cronograma de envio de técnicos e engenheiros brasileiros que irão trabalhar no desenvolvimento do Gripen NG (que ainda não está pronto) na Suécia.

Pelo acordo firmado entre a FAB e a Saab, a empresa sueca vai receber 357 profissionais do DCTA e de empresas brasileiras. A maior parte desse pessoal, 240 engenheiros, serão enviados pela Embraer, que também vai trabalhar no desenvolvimento do Gripen NG e coordenar sua produção no Brasil. Também estão envolvidas no projeto as empresas brasileiras Inbra, AEL Sistemas, Akaer, Atech e Mectron.

Vigilância aérea prejudicada

A capacidade de proteção aérea da FAB encontra-se atualmente defasada. Desde a aposentadoria dos caças Mirage III e posteriormente a desativação dos Mirage 2000 provisórios, o Brasil não tem um meio de defesa de alta performance. As aeronaves desativadas eram mais rápidas e tinham alcance superior, alem de carregar armamentos mais avançados (no caso do Mirage 2000) em relação ao F-5, que hoje é a principal aeronave de defesa do país.

O F-5, um projeto do final dos anos 1950, é atualmente o único caça supersônico da FAB (Foto - FAB)
O F-5, um projeto do final dos anos 1950, é atualmente o único caça supersônico da FAB (Foto – FAB)

A FAB possui atualmente 57 aeronaves F-5, que ficam distribuidos entre cinco bases pelo Brasil. Os turbo-hélice Embraer Super Tucano (a FAB possui uma frota 99 unidades) também são utilizados na defesa aérea, mas contra aeronaves de baixa performance, principalmente na região amazônica.