‘ATR chinês’, turboélice MA700 tem futuro ameaçado
Aeronave de passageiros da AVIC perdeu fornecimento de motores PW 150C da Pratt & Whitney Canada em 2020 após proibição do governo canadense e não tem um substituto à vista

Um dos pilares da estratégia chinesa de contar com uma linha de aeronaves comerciais própria, o turboélice comercial MA700 está com o futuro ameaçado, segundo a Flight Global.
A aeronave desenvolvida pela AVIC é afetada por enormes atrasos em seu cronograma, a despeito de o primeiro protótipo ter sido apresentado quase completo no ano passado.
O programa encontra-se num impasse desde que o governo canadense impediu que a Pratt & Whitney Canada fornecesse os motores PW150C, fruto de um acordo com a AVIC.
O Global Affairs Canada, departamento de relações internacionais do governo de Ottawa, proibiu o contrato de US$ 3 bilhões com a China por conta das suspeitas de espionagem e uso dos motores para fins militares.
A P&WC chegou a enviar quatro motores para a AVIC, mas a falta de perspectiva de fornecimento regular colocou o projeto em compasso de espera, segundo a Flight Global.

Turboélice com fly-by-wire
O MA700 ostenta uma aparência bastante semelhante ao ATR, aeronave ocidental de maior sucesso no mercado regional de turboélices. Mas o avião da AVIC é maior, capaz de transportar até 86 passageiros contra 72 assentos do ATR 72-600.
São 30 metros de comprimento e 28 metros de envergadura enquanto o avião franco-italiano possui 27 metros de comprimento e 27 metros de envergadura.
Por conta disso, a potência do motor PW150C, de 5.000 shp, é imprescíndivel. Mas, ao contrário do jato C919, que tem um motor turbofan em desenvolvimento na China, a AVIC não possui alternativa doméstica de curto prazo.

A Rússia, parceira da China em vários programas como o do widebody CR929, possui um motor turboélice em testes, o TV7, da Klimov. Porém, foi justamente ele que pegou fogo no protótipo do avião de transporte militar Il-112V e está passando por uma revisão de projeto a fim de identificar possíveis falhas.
Trata-se de uma frustração por conta do potencial do MA700, que prometia ser o primeiro turboélice regional equipado com controles fly-by-wire.
Um dos maiores mercados de aviação comercial do mundo, a China deve precisar de 8.700 novos aviões até 2040, segundo estimativa da Boeing.
Não há, no entanto, uma previsão a respeito de aeronaves turboélices no estudo da empresa, mas é certo que a demanda é bastante significativa. E que por um bom tempo não poderá ser atendida por uma aeronave produzida no país.