Azul será “extensão” da nova companhia aérea de David Neeleman

Em entrevista, fundador da Azul revela que sua nova empresa de baixo custo terá custo incomparável e voará dos EUA para o Brasil

(Airbus)
A Airbus está próxima de entregar o 100º jato A220-300 (Airbus)
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Airbus A220-300, avião escolhido pelo dono da Azul para sua nova empresa nos EUA ainda sem nome (Airbus)

David Neeleman é um obstinado em criar companhias aéreas que tornem as viagens de avião mais acessíveis, mas seu próximo passo no setor está dando o que falar. O empresário fundador da Azul Linhas Aéreas prepara para 2021 sua mais nova investida, uma companhia aérea de baixo custo sem similar no mercado mundial. Baseada nos Estados Unidos, ela vem sendo chamada provisoriamente de “Moxy“, nome que ele nega que será adotado.

Em evento para investidores em que o site Skift teve acesso, Neeleman antecipou várias novidades da sua nova companhia aérea, inclusive seu envolvimento com a Azul. Sim, a empresa brasileira será peça fundamental na estratégia da sua irmã norte-americana, segundo o executivo. “Vou fazer coisas que eles (os concorrentes) não podem fazer. Como sou dono da Azul, ela pode me apoiar no Brasil. Eles podem me enviar passageiros, fazer tudo o que nunca farão para mais ninguém, porque eu controlo a empresa”, explicou ao detalhar como as duas empresas trabalharão juntas. Vale lembrar que a companhia brasileira tem participação da United, futura rival da nova companhia.

De acordo com seus planos, a “Moxy” voará dos EUA não só internamente em rotas sem escalas, onde as grandes empresas não voam, como também terá destinos na Europa e América do Sul.

Para oferecer voos vantajosos e explorar mercados hoje pouco visados, ele vai evitar grandes hubs, algo que já faz no Brasil com a Azul. Por falar nisso, Neeleman adiantou que pretende voar entre a Florida e o Nordeste brasileiro, algo que as grandes companhias brasileiras já realizam.

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David Neeleman: o nome da empresa ninguém sabe mas o que ela fará começa a ficar claro (Embraer)

A aposta de Neeleman envolve uma equação que soma um modelo de avião comercial promissor com uma estrutura imensamente enxuta e automatizada. É o que ele contou ao site revelando algumas das estratégias como ausência de balcão de check-in nos aeroportos e também ao abrir mão de contato via telefone com seus clientes. “Você não precisa falar conosco porque tudo será funcional”, ressaltou. A ideia é que os passageiros resolvam tudo pelo aplicativo e que situações mais complexas sejam resolvidas por chat ou por uma ligação da companhia para o cliente.

Como explicou o executivo, o passageiro fará uso do seu smartphone nos momentos da compra do bilhete, reserva de assento, check-in e outros serviços. A falta de contato humano é replicada por ele que acredita que ninguém gosta de ficar na fila para conversar com um funcionário.

Avião “milagroso”

Assim como no caso da Azul em que o Embraer E195 serviu como base para que a companhia criasse ligações diretas entre cidades pequenas e médias, no caso da “Moxy” o avião escolhido pelo empresário é a chave para driblar a concorrência. Mas nesse caso, Neeleman optou pelo principal rival do avião brasileiro, o Airbus A220-300, antigo CS300, da Bombardier. Foram 60 unidades encomendas firmes e mais 60 opções de compra com entregas iniciando em 2020.

Morris Air, a primeira companhia lançada por Neeleman (Aero Ícarus/Wikimedia)

Ele enumerou os pontos positivos do avião canadense que chamou de “único”. Segundo o executivo o A220 requer menos manutenção e tem custos de operação bem inferiores ao de outros jatos. As grandes janelas permitirão que a companhia possa introduzir classes mistas como uma executiva com poltronas que se transformam em camas e econômica “plus”. “Vamos transportar os passageiros duas vezes mais rápido e pela metade do preço”, prometeu.

Mas qual a razão por ter preterido a nova família E2, da Embraer, avião do qual conhece a fundo e que foi encomendado pela Azul? Neeleman dá a dica ao afirmar que A220-300 tem a capacidade de decolar de “pistas realmente curtas, e pode voar por 11 horas”. De fato, a mesma explicação foi dada ao Airway recentemente por um executivo próximo do norte-americano. Como opera em pistas menores, o Airbus poderá atender diversas cidades que hoje não recebem jatos de corredor único.

O Skift ainda questiona o empresário sobre quão inovadora será sua estratégia de marketing ao que Neeleman responde que ela já começou. Com pelo menos dois anos até o primeiro voo decolar, a companhia aérea sem nome já dá o que falar.

Estratégia da futura companhia de Neeleman lembra a Azul e os E195, da Embraer (Airway)

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