Boeing 737 MAX deve voltar ao serviço na Europa no primeiro trimestre de 2020
Agência de aviação da Europa está executando seu próprio programa de verificações na aeronave


Aterrado no mundo todo desde março após dois acidentes em menos de cinco meses, o Boeing 737 MAX provavelmente deve voltar a operar na Europa durante o primeiro trimestre de 2020, disse Patrick Ky, diretor da Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA).
Em entrevista a Reuters, Ky afirmou que espera aprovar o retorno do 737 MAX no mercado europeu até janeiro do próximo ano. O diretor da EASA, porém, estimou que a retomada efetiva das aeronaves aos serviços comerciais ainda pode levar mais dois meses, tempo necessário para as autoridades de aviação nacionais e companhias aéreas da região se prepararem para a volta do jato.
“Se houver requisitos de treinamento e coordenação a ser feita com os estados membros da União Europeia para garantir que todos façam a mesma coisa ao mesmo tempo, isso levará um pouco de tempo”, disse Ky. “É por isso que estou dizendo o primeiro trimestre de 2020.”
A Boeing corre contra o tempo para devolver o 737 MAX ao serviço até o final de 2019, depois de fazer alterações no software de voo MCAS (sigla em inglês para “Sistema de Aumento de Características de Manobra”). O mal funcionamento do sistema é apontado como a principal causa dos acidentes com as aeronaves da Lion Air e Ethiopian Airlines, que juntos mataram 346 pessoas e levaram a ordem de paralisação da série MAX no mundo todo.
Além de manchar a imagem da Boeing, o aterramento dos 737 MAX também vem afetando gravemente as companhias aéreas que compraram a aeronave com a esperança de aumentar seus rendimentos. A empresa de baixo custo Ryanair, um dos maiores clientes da série MAX, divulgou nesta semana que espera atrasos adicionais nas entregas das aeronaves e também reduziu suas estimativas de crescimento para 2020.
Quase 400 jatos 737 MAX (modelos MAX 8 e MAX 9) de 59 empresas aéreas estão parados no mundo todo e mais de 500 aeronaves finalizadas ocupam os pátios da fábrica da Boeing em Seattle e aeroportos no estado de Washington, nos EUA.
A EASA também planeja executar seu próprio programa de verificações no 737 MAX com especificações diferentes das exigidas pelo FAA, a agência de aviação civil dos EUA que certificou o jato comercial da Boeing, em 2016.
Especialistas europeus visitaram às instalações da Rockwell Collins em Iowa, nos EUA, na semana passada para iniciar uma auditoria de uma versão “razoavelmente final” do MCAS, disse o diretor da EASA – a Rockwell Collins desenvolveu o software de controle de voo usado no 737 MAX.
“Muito trabalho foi feito no design do software”, disse Ky. Mas ele acrescentou: “Acreditamos que ainda há trabalho a ser feito”. A revisão da versão final do sistema deve ser concluída neste mês, seguindo pelos testes de voo em dezembro “se tudo correr bem”, afirmou o diretor da EASA.
E no Brasil?
A Agência Nacional de Aviação (ANAC) do Brasil, a convite do FAA, é uma autoridades do setor que integram a comissão responsável por analisar as atualizações no 737 MAX. O único operador do jato da Boeing no Brasil é a Gol, que tem atualmente sete aviões parados – e mais de 120 unidades encomendadas.

Em agosto deste ano, o ministro de Infraestrurura, Tarcísio Freitas, disse que o 737 MAX deve voltar a voar no Brasil até o final de 2019. Esse é o mesmo prazo estimado pelo FAA para o retorno da aeronave ao serviço nos EUA.
“Sim, (deve ser liberado) até o final do ano. A ANAC estava à frente das agências do mundo, já exigia treinamento específico para esse equipamento. Era uma coisa que, praticamente, o mundo inteiro não exigia. E a ANAC acabou aderindo à onda do mundo inteiro (ao suspender as operações)”, explicou Freitas na época.
A ANAC suspendeu as operações do 737 MAX no Brasil em 13 de março, três dias após o acidente com o modelo da Ethiopian Airlines.
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