Boeing 797 pode ter cabine de comando para apenas um piloto

Antes previsto para o Paris Air Show deste ano, lançamento oficial da aeronave não deve acontecer enquanto o 737 MAX permanecer aterrado
Um avião com apenas um piloto pode reduzir a folha de pagamento e os custos de treinamento de uma companhia (Divulgação)
Um avião comercial “sigle-pilot” pode reduzir custos de uma empresa com salários e de treinamentos (Divulgação)

O próximo projeto de avião comercial da Boeing, chamado pela fabricante de NMA (novo avião de porte médio) e apelidado pela indústria como “797”, pode ter uma cabine de comando construída para receber apenas um piloto, apontam analistas do setor.

Nas últimas semanas, analistas do banco de investimentos Jefferies Group questionaram executivos de companhias aéreas e empresas de leasing sobre o que eles gostariam de ter em um novo avião da Boeing. Entre as sugestões apresentadas, chamou a atenção o desejo dos operadores por uma aeronave comercial capaz de ser controlada por apenas um piloto.

Pesquisadores apontaram que, dado que o NMA é um projeto completamente novo, os operadores acreditam que há espaço para um avião manejado por apenas um piloto. Ainda de acordo com o Jefferies, o co-piloto ficaria baseado em solo e seria capaz de monitorar várias aeronaves ao mesmo tempo.

Um avião com essa configuração permitiria às companhias aéreas reduzir o número de pilotos no quadro de empregados e economizar milhões de dólares em salários, além de diminuir os custos de treinamento de tripulantes. O Jefferies, no entanto, afirmou que a tecnologia para tornar isso realidade não surgir em menos de 10 anos.

O vice-presidente de pesquisa e tecnologia da Boeing, Charles Toups, disse em fevereiro que os jatos comerciais comandados por um piloto provavelmente surgiriam no setor de transporte de carga e que seria necessário um “par de décadas” antes que os passageiros estivessem convencidos de sua segurança.

Além do cockpit para um piloto, companhias aéreas querem que o novo avião da Boeing tenha mais flexibilidade na forma como os assentos podem ser organizados e maior alcance. A ideia é criar um produto entre o 737 e o 787, capaz de cumprir tanto rotas domésticas como trechos internacionais de curta e média distância com demandas menores de passageiros.

Prevê-se que o NMA possa embarcar entre 200 e 250 passageiros, algo semelhante ao oferecido nos modelos da família 737 MAX, mas com o alcance comparável ao de aviões maiores. Uma variante com fuselagem mais longa poderia acomodar até 290 ocupantes e os operadores relataram ao grupo de investimento que um jato de fuselagem larga, com um ou dois corredores, seria o preferido.

Boeing 797: novo jato pode agradar companhias de baixo custo (Fly Away)

Lançamento deve atrasar

Antes previsto para o Paris Air Show, que acontece no próximo mês, o lançamento do programa NMA não deve ser confirmado enquanto o 737 MAX permanecer aterrado. O novo jato da Boeing está proibido de voar desde março, quando ocorreu o segundo acidente com um 737 MAX 8 em menos de cinco meses.

Devido aos recentes problemas da Boeing com o 737 MAX, o Jefferies acredita que a entrada em serviço do “797” pode acontecer somente em 2028. Outro empecilho é a indefinição da fabricante e operadores sobre a configuração final da aeronave e assim determinar sua lacuna no mercado.

O fornecimento de motores para o NMA também pode gerar outro entrave. Em fevereiro deste ano, a Rolls-Royce desistiu da corrida para fornecer os turbofans para o novo avião da Boeing. A fabricante de motores retirou sua proposta alegando que era “incapaz de se comprometer com o cronograma proposto”.

A tarefa de desenvolver e fornecer os motores para o novo avião da Boeing agora é disputada pelos fabricantes United Technologies, Pratt & Whitney e pela CFM International.

Veja mais: Terá chegado o momento da Boeing aposentar o 737?

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  1. A ANAC e a que coordena a a aviação nos Estados Unidos diz o minimo de tripulantes de uma aeronave, como vai ser com 1 piloto vai ter aprovação destes dois países?

  2. Se o piloto tem um mal súbito, passa mal…o que o co-piloto poderia fazer baseado em solo?. Tudo em nome da economia e do lucro operacional. Pode ser que outro piloto instruído em comando vá junto em caso de contingência, mas daí continuaria como é hoje…

  3. Acredito que antes de se pensar em economia, a prioridade é a segurança. Toudo em uma aeronave é construído com redundância. Por exemplo, o sistema elétrico que possem os geradores em cada motor, possuem a APU, baterias, e a RAT. Tudo isso é uma redundância no sistema elétrico. Agora o que dizer da redundância nos comandantes? Se acontecer uma emergência com o piloto, quem vai assumir o controle da aeronave. É muito mais fácil economizar custos diminuindo os comissários de bordo, e não os pilotos que são os responsáveis pela segurança do vôo.

  4. Esse é o futuro. Hoje temos trens sem maquinistas, elevadores sem ascensorista, bancos sem atendentes, carros sem motoristas e já existem aviões sem pilotos, principalmente para uso militar. Hoje já é possível um piloto em solo decolar e pousar uma aeronave em segurança. Basta verem vários exemplos no YouTube.

  5. Boeing, “bora” solucionar o enrosco do 737 Max, antes de mais nada. Depois voltaremos a este ponto, porque o que as Cias querem é relevante, mas o que o consumidor quer é que é decisivo. Aviões semi-autômos não estão no cardápio dos usuários, e sim mais conforto, serviço de bordo e pontualidade, áreas que nem sempre os fabricantes conseguem sequer influenciar.

  6. A evolução não tem freios.
    Basta ver o jatinho da Cirtus: 1 piloto, um motor e 1 paraquedas.

  7. Viagem de aviao ta pior que onibus, pelo menos no onibus tem o cobrador que não deixa o motorista dormir. Essas fabricas de aviao empresas de transporte aéreo vao é matar mais gente so pra ganhar dinheiro.

  8. Todos os sistemas em uma aeronave são redundantes para segurança. A própria presença de um co piloto se enquadra nessa questão. Não acho interessante uma medida de economizar que pode sair cara depois. É diferente de uma aeronave militar que tem sistemas, as vezes triplos, mas que não leva outras vidas e que tem sistemas de proteção diferenciados como ejeção, etc…

  9. Realmente custos é o que interessa às companhias aéreas. O resto é apenas resto. Ou seja um avião com 300 passageiros e 01 piloto só, ele tem um desmaio dentro da cabine trancada e o “RESTO”, 300 passageiros morrem com ele na queda.

  10. Os aviões de hoje já podem ser voados por um só piloto,o problema é que as empresas querem apenas lucros e acham que o tripulante é o seu maior custo. até experimentarem um acidente com uma enxurrada de indenizações. não se iludam, os aviões ainda voaram com 2 tripulantes por muito tempo.

  11. Se o piloto fizer como fez um de uma companhia asiática e outro de uma alemã, jogar o avião em solo, quem vai impedir se ele sta sozinho,

  12. Assim fica complicado, lucro acima de tudo.
    Imagina se todas as categorias de empresas adotam essa medida de corte de custos tão extensiva…. Quem vai ter trabalho e renda para viajar e consumir…???

  13. Aeronave, 979 sendo comandada apenas por um piloto, vejo que isso é por demais perigoso. Caso esse comandante sofra um mal súbito, AVC ou um infarto agudo do miocárdio, como fica esse equipamento sem um outro comandante?
    Afinal, dentro dessa aeronave, tem vidas HUMANAS!!!

  14. Considerando-se que hoje o Correio da China já voa uma aeronave sem piloto transportando 2.000 quilos de carga expressa por 1.600 Km, tudo leva a crer que os cargueiros, aviação agrícola, helicópteros não terão pilotos.
    As aeronaves de Passageiros serão 100% Autônomas com apenas 1 piloto Monitorador.
    A tecnologia para esses fatos já está madura, pois há 30 anos vários aviões militares de tipos diversos, operam remotamente e autonomamente. Aeronaves & Drones voam no Afeganistão e seus pilotos ou controle está sendo efetuado pela base aérea de Las Vegas.
    Não só as aeronaves da Boeing terão apenas 1 piloto Monitorador, a própria ATR, anunciou em 2018 que sua próxima aeronave teria também 1 piloto.
    De 5 tripulantes na cabine de comando para Zero. Essa parece ser uma tendência irreversível. Saudações,

  15. Uma dúvida me vem à mente com este projeto de um só piloto no cok pit; em viagens mais longas (8/12 horas de vôo) como irão lidar com o cansaço e especialmente sono do pobre piloto…???
    TÔ FORA…!!!

  16. Mas nem a pau de gancho eu entro em um avião sem co-piloto! Depois o piloto tem um piripaque ou passa mal e quem vai assumir a cabine? Vai ser que nem nos filmes, com a aeromoça exclamando no alto-falante “Por favor, algum dos Srs. passageiros sabe pilotar um avião?” Te esconjuro!

  17. Todos sabem que o quê sobe, no mínimo desce ou cai então, aviões são bons transportes, mas vai que naquele dia e no seu voo tudo conspirava para a aeronave ir para o chão então reze antes de embarcar e faça um belo seguro para seus familiares não ficarem com as mãos abanando. BOA SORTE!

  18. Sim! Custos baixos importam e muito, para o passageiro na hora de comprar sua passagem, e a competição entre as companhias aéreas para oferecer preços menores aos passageiros, culminará na extinção da profissão de pilotos como a conhecemos atualmente (possivelmente demorará décadas como disse o executivo da Boeing). Mas outras profissões também estão a caminho da extinção: taxista, frentista, caixa de supermercado (supermercado imperatriz em Canasvieiras possui totens de autoatendimento), cobrador de ônibus (Joinville possui ônibus sem cobradores faz anos) e etc. A automação e a inteligência artificial vão desempregar muita gente.

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