Boeing teria desistido de assumir 80% da divisão de aviões comerciais da Embraer

Companhias tinham até esta sexta-feira, 24, para definir futuro da joint venture, mas segundo revista, acordo teria fracassado
Após desistir da joint venture com a Embraer, a Boeing agora avança na contratação de profissionais da empresa brasileira (Divulgação)
Embraer e Boeing: joint venture teria naufragado (Divulgação)

A joint venture entre Embraer e Boeing, anunciada em julho de 2018, teria sido cancelada por conta da desistência da empresa americana. A informação foi revelada pela revista Veja nesta sexta-feira, 24, mas não confirmada pelas duas empresas.

Segundo a publicação, a crise provocada pelo coronavírus e pressões políticas do governo dos EUA teriam inviabilizado a ratificação do acordo, que previa que a Boeing assumisse 80% da divisão de aviões comerciais da Embraer, num negócio de US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 23,5 bilhões em valores atuais).

Como se especulava, a necessidade de uma ajuda bilionária do governo americano para seguir operando teria impedido que a Boeing seguisse com a parceria. Ao mesmo tempo, a empresa brasileira perdeu muito valor de mercado e os termos do acordo inicial perderam completamente o sentido.

As duas empresas tinham até o dia 24 de abril para ratificar o acordo, mas a falta de perspectiva motivou a Embraer a tentar postergar a data. Um dos motivos era o fato de a Comissão Europeia, agência anti-truste da União Europeia, ter prorrogado novamente a análise do caso para agosto.

De volta à estaca zero

Caso seja de fato confirmado nos próximos dias, o fim do acordo promete criar vários problemas para a Embraer. A fabricante brasileira estava dedicando tempo e dinheiro para preparar a separação da divisão comercial dos demais negócios da empresa.

Em janeiro, foi criada uma empresa provisória, a Yaborã Indústria Aeronáutica, para administrar a linha de jatos comerciais enquanto não era aprovada a Boeing Brasil Commercial, denominação oficial da joint venture. Nos resultados de 2019, a Embraer revelou ter acumulado um prejuízo de R$ 485,5 milhões com “custos de separação relacionados à parceria estratégica”, afirmou a empresa.

Em tese, todo esse esforço terá que ser revertido para reincorporar a divisão aos negócios da empresa. Mais do que isso, o provável fim do acordo deve fazer com que as tratativas com possíveis clientes de seus aviões sejam revistas sem a expectativa de que a Boeing estaria envolvida no negócio.

Por falar em negócio, outra joint venture, que envolve o transporte militar C-390 Millennium, também parece em suspenso. Nessa negociação, a Boeing deteria 49% do programa da aeronave e apoiaria a Embraer em propostas para governos mundo afora.

Com o cenário adverso no mercado de aviões comerciais causado pela pandemia e com um rival mais forte, o Airbus A220, o panorama para a Embraer sem a Boeing passa a ser uma incógnita.

A família de E-Jets da Embraer cairia como uma luva no portfólio da Boeing

Veja também: Chineses no lugar da Boeing como sócios da Embraer?

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